(ou "Desventuras da Elite Acadêmica Paulista em Cuba")
Situação real vivida num congresso em Cuba, em maio de 2011: participando de um evento científico que envolvia pesquisadores do mundo inteiro, fomos convidados a conhecer fazendas participantes da rede de produção agrícola do governo cubano. Já havíamos visitado centros de pesquisa agropecuária na região de La Habana e estava claro que um dos focos mais importantes da pesquisa cubana era o manejo ecológico / controle biológico das pragas, praticamente zerando o uso de agrotóxicos e pesticidas. A única coisa chata é que, durante a visita, um pequeno grupo de brasileiros da “elite acadêmica paulista” parecia se divertir minimizando os resultados cubanos. Do alto de sua sabedoria ímpar, proferiam julgamentos como:
– Isso é extremamente precário, não funciona, que absurdo! Coisa de quem não tem dinheiro para investir!
Chegando a uma das fazendas, os organizadores do evento distribuíram goiabas aos congressistas. “Produção local”, diziam, orgulhosos. Mais que depressa, os três ou quatro chatos paulistas começaram a tirar sarro:
– Deve estar cheio de bicho, com certeza tem bicho, cuidado! Procura, que tem bicho aí!
Que vergonha que eu sentia de ter aquele infelizes como compatriotas: todo mundo saboreava as frutas e eles (3 ou 4 apenas) ali, examinando minuciosamente as goiabas.
Num certo momento, um deles gritou, exultante:
– Não disse? Achei! Olha aqui, gente, TEM BICHO na goiaba cubana!
O grupinho se amontoou em cima da goiaba para conferir... e aí rolou o vexame total. Muito sem jeito, um deles confessou:
– Xi, não é bicho não... é um fiapinho da goiaba mesmo...
Olharam uns pros outros meio sem graça e acabaram comendo as goiabas em silêncio.
Paulo R. Barja
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