Ela andava triste, cabisbaixa, quando ouviu que a chamavam. Levantou o rosto e olhou para seu interlocutor, que perguntava:
– Ei, o que houve? Por que está desse jeito? Sua beleza anda opaca...
– Foi o resto da vida inteira que me fez assim. Agora, quase não durmo. Quando deito, ele vem me visitar...
– Ele quem?
– O demônio.
Ela não teria dito isso se não tivesse percebido que o rapaz tinha asas.
– Ah, que bobagem... Carpe Diem... aproveite o dia! O demônio tem medo de gente alegre.
Ele abriu então as asas – eram imensas – e esticou a mão para ela. Voaram juntos. E dançaram, sorriram... foram felizes. Quando ele a deixou em casa (pela janela!), a moça emanava luz. Deitou-se e dormiu imediatamente.
Naquela noite, quando o demônio se aproximou da cama, ela só abriu um olho e disse: BU!! E isso, esse simples “BU!!” impregnado de alegria brincalhona, assustou tanto o demônio que ele nunca mais voltou.
Paulo R. Barja
Nenhum comentário:
Postar um comentário