Em São José dos Campos, os últimos dias foram de debate sobre questões ligadas à cidadania. Na terça (15/08), a Câmara Municipal foi sede de um embate a respeito da proposta de “Escola Sem Partido”, apresentada por setores contrários ao aprendizado de uma visão crítica da História nas escolas. Enquanto educadores e ativistas contrários à proposta concentraram-se na Câmara para o debate que ocorreria, integrantes e simpatizantes da proposta “Escola Sem Partido” vieram da Praça Afonso Pena até a Câmara. O debate acabou ocorrendo fora do plenário, com enfrentamento entre os manifestantes. Em menor número, os defensores da proposta de “Escola Sem Partido” foram recuando até a porta de entrada, dispersando-se a seguir, enquanto o presidente da Câmara encerrou a sessão alegando falta de segurança.
Os defensores da “Escola Sem Partido” dizem querer evitar a “propaganda comunista” nas escolas. Entre os professores, em sua maioria, contrários à proposta, entende-se que esta representaria uma censura ao trabalho do educador. Alega-se ainda que a proposta implicaria, ao contrário do que seus defensores afirmam, numa escola COM partido, porém sem espaço para a análise crítica, essencial no ensino e aprendizagem principalmente de História e Geografia.
Já na quarta-feira (16/8), a UNIVAP (Unidade Castejón) sediou audiência pública sobre o Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos (SP). O evento foi particularmente importante porque, na semana anterior, a audiência ocorrida sobre o mesmo tema no campus Baixada Santista da UNIFESP havia sido conturbada, com a presença de mais de 90 policiais militares fardados e inicialmente armados, em atitude considerada opressora e que motivou inclusive uma nota de repúdio publicada pela ADUNIFESP.
Audiência pública na UNIVAP |
Na UNIVAP, mesmo com auditório lotado, a audiência transcorreu pacificamente, conforme atestaram participantes do evento. Segundo Ana Carla Pinto, “foi muito bom ver o auditório mobilizado, as contribuições foram bem pertinentes”. Francisco Roxo, também presente ao evento, elogiou o incentivo à participação popular, mas lamentou a escassez de tempo para discussão. O sociólogo Moacyr Pinto considerou a audiência “maravilhosa, com a presença dos mais variados setores da sociedade”; segundo ele, ficou claro que era um “encontro democrático sobre Direitos Humanos, sem espaço para o fascismo.”
A professora Paula Carnevale (UNIVAP) destacou a presença e jovens e participantes de movimentos sociais, comentando ainda que a participação da polícia foi construtiva e propositiva. Carnevale, porém, alerta para o fato de que ainda é necessário avanço quanto ao estabelecimento de formas claras para incorporação das sugestões apresentadas pela população ao documento previamente elaborado.
Tudo somado, fica a conclusão de que o diálogo é sempre o melhor caminho para exercitar a cidadania, e toda construção deve levar em conta o respeito à diversidade de opiniões – para que cada pessoa possa livremente tomar partido em relação aos temas em debate.
Paulo R. Barja
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