Logo que entrei no mestrado na Unicamp, pintou o primeiro congresso científico importante pra eu ir apresentar um trabalho, em Caxambu, MG. Lembro que eu estava contente mas bem nervoso - afinal, era minha "estreia" nesse tipo de evento. Quando estava expondo o trabalho, apareceu uma professora e começou a fazer perguntas. Ela era estrangeira e falava com sotaque bem carregado, o que me deu mais medo ainda. Mas lembro que ela foi muito paciente e doce comigo, como se quisesse mesmo me acalmar. Foi bom, comecei a me sentir mais seguro e ficamos conversando um tempo sobre o trabalho. Depois fui saber que aquela ela a dra. Galina Borissevitch, uma cientista russa importante, e achei o máximo ela ter dado aquela força - provavelmente ela nem imagina o quanto isso foi importante pra mim.
Desde então, tenho tido a sorte de participar de diversos eventos, em vários países. É sempre bom - mas nunca me esqueci daquela professora russa.
Semana passada - ou seja, mais de 15 anos depois do encontro com a dra. Galina - eu estava em Aracaju e um dos palestrantes do congresso era o prof. Iuri Borissevitch, marido dela. Assim que tive chance, fui falar com ele, que também é uma pessoa inteligentíssima e muito amável. Perguntei sobre a esposa e ele me respondeu: "Você não pode imaginar: acredita que agora em vez de fazer pesquisa científica ela resolveu ficar só dando aula num colégio?"
Em seguida nos despedimos, desejando boa sorte um pro outro. E eu tenho que dizer que tudo aquilo fez sentido pra mim: entendi que aquela mulher iluminada sempre teve o interesse maior de ensinar, de mostrar o caminho aos mais jovens, dar conselhos - educar, no sentido mais amplo da palavra.
Como é bonito isso... felizes dos alunos dela!
Nenhum comentário:
Postar um comentário