MATÉRIAS:
1) SÃO LUIZ DO PARAITINGA - A REAL situação da cidade
http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidades/vida-dos-moradores-de-sao-luiz-desmente-serra
2) FOI À MISSA... E OUVIU SERMÃO DO PADRE
http://correiodobrasil.com.br/serra-tumultua-missa-no-ceara-e-vaiado-e-repreendido/186456/
VÍDEOS DESTA EDIÇÃO:
1) DEPOIMENTO DE CHICO CÉSAR
http://www.youtube.com/watch?v=TD0tKZobjxE&feature=channel
2) MANIPULANDO CRIANCINHAS - Isso é falta de educação
http://www.youtube.com/watch?v=lWFiRBYXVmA&feature=related
FRASE DO DIA (Ziraldo)
“O Serra diz que vai dar continuidade a isso e àquilo...
pra que ELE vai dar continuidade? A gente mesmo pode dar continuidade”
Para ficar bem informado sobre a realidade dos fatos, acesse:
- http://www.cartacapital.com.br/
Mostrando postagens com marcador São Luiz do Paraitinga. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador São Luiz do Paraitinga. Mostrar todas as postagens
19 de outubro de 2010
8 de outubro de 2010
Pensando Política Cultural
Fiquei sabendo de um encontro promovido no SESC SJC neste 07/10 com a proposta de discutir Política Cultural. Animado, fui pra lá. Escrever é algo que se impõe neste momento, pois não dá mais pra "passar recibo" em certas posturas. É importante a gente se posicionar, e defendo que seja: a) publicamente; b) se possível, por escrito; c) em texto assinado. Assim, contribuimos para um debate honesto, em que a divergência de ideias seja mais que "tolerada": seja respeitada.
Na verdade, não falei nada durante o encontro porque, confesso, o desenrolar da coisa foi desanimador (opinião, agora sei, compartilhada por outras pessoas que estavam no auditório e preferiram mais ouvir que falar). Rapidamente perdeu-se o foco, e o que era pra ser "roda de conversa" virou um chororô a respeito da Fundação Cultural da cidade. Em alguns momentos, lembrava um Palmeiras x Corinthians (se houvesse juiz, a mãe teria sido mencionada, com certeza).
O que me entristece é ter a sensação de que uma parte da comunidade artística joseense age como se estivesse refém da Fundação Cultural. Isso não faz sentido - não precisa ser assim!
Cultura se faz em MUITOS lugares e instituições. Nas escolas, por exemplo. Faculdades. Na rua e nas praças. Dentro das empresas. E, claro, também nos teatros e espaços mantidos por uma Fundação Cultural.
O fato: muitas cidades sequer possuem uma Fundação Cultural. Algumas não tem nem mesmo uma Secretaria de Cultura. Mas HÁ Arte sendo feita nesses lugares! Arte de qualidade, e em quantidade. Impossível não lembrar de São Luiz do Paraitinga, por exemplo. A cidade ficou submersa no início de 2010, eventos foram cancelados e conheço gente boa que achou que "estava tudo perdido". Que nada! A Cultura continua fervilhando por lá, e por onde quer que passem os artistas luizenses. Importante deixar claro: isso não tem nada a ver com "apoio do Estado". Tem a ver com a identidade profunda das pessoas (artistas ou não) com sua cidade, com a sensação de que "somos nós que fazemos isso funcionar". Isso é forte por lá! Um mês depois da calamidade, as bandas luizenses estavam viajando pelo estado e, aqui mesmo no SESC SJC, ouvimos a frase lapidar: "Gente, São Luiz não acabou não: só caíram umas paredes".
Acho que não precisa explicar nada. Só aplaudir.
Voltando ao encontro: o que acontece com a gente por aqui? Por que razão ficamos tão dependentes de uma Fundação Cultural?
Palmas pra Jaqueline, do Bola de Meia. O pessoal entendeu que tem que construir seu próprio caminho, e está fazendo isso brilhantemente. Wangy (Velhus Novatus), idem. Wangy tem um trabalho importante na Fundação Cultural, mas não se contenta com isso: é um agente cultural dentro e fora da Fundação.
Aliás, gostaria de propor a substituição da expressão "agente cultural" por "cidadão-artista". O engenheiro que curte, faz e produz Arte faz parte desse time (certo, Vander? certo, Atul?). O professor que vê a Arte como forma essencial de Educação também - seja ele artista ou não.
Precisamos entender que existem muitos caminhos para a Arte fora de uma Fundação Cultural. Temos que nos apropriar desta verdade. Construir nossos caminhos. Cláudio Mendel (quase um mestre zen durante a conversa; aprendeu com o Abreu, talvez?) deu a dica: pra aprovar o Fundo Municipal de Cultura é necessária mobilização de todos nós - senão não vai rolar. E nesse ponto acho que todos concordamos: tem que falar é com o prefeito. Fazer valer a vontade dos cidadãos-artistas.
Um encontro como o que tivemos hoje não é pra ficar discutindo salário de motorista, nem de regente de orquestra... se é possível saber destes valores, isso é ótimo, pois já mostra alguma transparência. Mas ficar batendo nessa tecla é se esquivar de discutir efetivamente Política Cultural.
Outra coisa: uma orquestra custa caro. E TEM que custar caro. É totalmente diferente de um projeto de circulação de folhetos de cordel, entendem? Não vamos entrar numas de achar que o dinheiro da orquestra poderia render X apresentações do grupo Y, pois é um (grave) erro pensar que uma coisa pode excluir a outra
(Obs.: não estou advogando em causa própria - sou o cara do cordel, não o da orquestra).
Magano, obrigado por trazer a conversa para um foco objetivo, positivo e propositivo: vamos batalhar pelo Fundo Municipal de Cultura.
Temos que propor ações voltadas para a promoção da Arte e da Cultura. Não é possível que tanto artista, gente inteligente, não encontre muitos e diversos caminhos para a produção artística!
Edital é importante no momento? Ok, vamos batalhar por isto.
Temos que pensar grande, de modo abrangente. E pensar grande significa também cuidar do que parece pequeno. Buscar formas novas pra fazer as coisas. Um exemplo bem ingênuo, pra começar: que tal um projeto "Arte no Poste"? Custo-quase-zero. Cada escritor "adota" um (ou 2, ou 3) postes no bairro onde mora - pontos onde passe bastante gente, de preferência - e semanalmente coloca lá um texto. O papel da Prefeitura seria apenas NÃO arrancar o texto (nem o poste). Ah, mas pode passar um cidadão qualquer, achar o texto bonito e levar, ou escrever por cima. Tudo bem!
(Experiência parecida foi feita na Unicamp no início dos anos 90. Anos depois, duas alegrias: conheci um professor de Inglês que tinha "retirado" um texto, e uma professora de Letras que tinha guardado outro texto.)
Na saída do teatro, lancei uma provocação: se por acaso a Fundação Cultural fosse varrida do mapa, o que faria cada um de nós? Lembro do Nelson Rodrigues: a gente tem que parar de querer fazer papel de vira-lata, pessoal! Tem que perder a mania de estender o pires ou o chapéu pra ver se pinga alguma moedinha. Então, pra não ficar dependendo de Fundação, quais seriam (serão?) nossos passos? Tomaríamos mais as rédeas da elaboração de uma Política Cultural? Essas são questões cruciais.
(Pausa afetiva: VIVA Reginaldo, Zenilda e o "Poesia no Prato"!!!)
No fim das contas, acho que todos nós temos condições de extrair coisas boas deste encontro, a começar pela própria iniciativa de se abrir o debate - parabéns à moçada do Estival por isso. Dá pra sacar que existe uma "demanda reprimida" por debates desse tipo na comunidade artística joseense. Vamos para o debate, então - isso é bom. E espero sinceramente que numa próxima oportunidade (em breve!) seja possível realizar realmente um encontro de propostas sobre Política Cultural.
Na verdade, não falei nada durante o encontro porque, confesso, o desenrolar da coisa foi desanimador (opinião, agora sei, compartilhada por outras pessoas que estavam no auditório e preferiram mais ouvir que falar). Rapidamente perdeu-se o foco, e o que era pra ser "roda de conversa" virou um chororô a respeito da Fundação Cultural da cidade. Em alguns momentos, lembrava um Palmeiras x Corinthians (se houvesse juiz, a mãe teria sido mencionada, com certeza).
O que me entristece é ter a sensação de que uma parte da comunidade artística joseense age como se estivesse refém da Fundação Cultural. Isso não faz sentido - não precisa ser assim!
Cultura se faz em MUITOS lugares e instituições. Nas escolas, por exemplo. Faculdades. Na rua e nas praças. Dentro das empresas. E, claro, também nos teatros e espaços mantidos por uma Fundação Cultural.
O fato: muitas cidades sequer possuem uma Fundação Cultural. Algumas não tem nem mesmo uma Secretaria de Cultura. Mas HÁ Arte sendo feita nesses lugares! Arte de qualidade, e em quantidade. Impossível não lembrar de São Luiz do Paraitinga, por exemplo. A cidade ficou submersa no início de 2010, eventos foram cancelados e conheço gente boa que achou que "estava tudo perdido". Que nada! A Cultura continua fervilhando por lá, e por onde quer que passem os artistas luizenses. Importante deixar claro: isso não tem nada a ver com "apoio do Estado". Tem a ver com a identidade profunda das pessoas (artistas ou não) com sua cidade, com a sensação de que "somos nós que fazemos isso funcionar". Isso é forte por lá! Um mês depois da calamidade, as bandas luizenses estavam viajando pelo estado e, aqui mesmo no SESC SJC, ouvimos a frase lapidar: "Gente, São Luiz não acabou não: só caíram umas paredes".
Acho que não precisa explicar nada. Só aplaudir.
Voltando ao encontro: o que acontece com a gente por aqui? Por que razão ficamos tão dependentes de uma Fundação Cultural?
Palmas pra Jaqueline, do Bola de Meia. O pessoal entendeu que tem que construir seu próprio caminho, e está fazendo isso brilhantemente. Wangy (Velhus Novatus), idem. Wangy tem um trabalho importante na Fundação Cultural, mas não se contenta com isso: é um agente cultural dentro e fora da Fundação.
Aliás, gostaria de propor a substituição da expressão "agente cultural" por "cidadão-artista". O engenheiro que curte, faz e produz Arte faz parte desse time (certo, Vander? certo, Atul?). O professor que vê a Arte como forma essencial de Educação também - seja ele artista ou não.
Precisamos entender que existem muitos caminhos para a Arte fora de uma Fundação Cultural. Temos que nos apropriar desta verdade. Construir nossos caminhos. Cláudio Mendel (quase um mestre zen durante a conversa; aprendeu com o Abreu, talvez?) deu a dica: pra aprovar o Fundo Municipal de Cultura é necessária mobilização de todos nós - senão não vai rolar. E nesse ponto acho que todos concordamos: tem que falar é com o prefeito. Fazer valer a vontade dos cidadãos-artistas.
Um encontro como o que tivemos hoje não é pra ficar discutindo salário de motorista, nem de regente de orquestra... se é possível saber destes valores, isso é ótimo, pois já mostra alguma transparência. Mas ficar batendo nessa tecla é se esquivar de discutir efetivamente Política Cultural.
Outra coisa: uma orquestra custa caro. E TEM que custar caro. É totalmente diferente de um projeto de circulação de folhetos de cordel, entendem? Não vamos entrar numas de achar que o dinheiro da orquestra poderia render X apresentações do grupo Y, pois é um (grave) erro pensar que uma coisa pode excluir a outra
(Obs.: não estou advogando em causa própria - sou o cara do cordel, não o da orquestra).
Magano, obrigado por trazer a conversa para um foco objetivo, positivo e propositivo: vamos batalhar pelo Fundo Municipal de Cultura.
Temos que propor ações voltadas para a promoção da Arte e da Cultura. Não é possível que tanto artista, gente inteligente, não encontre muitos e diversos caminhos para a produção artística!
Edital é importante no momento? Ok, vamos batalhar por isto.
Temos que pensar grande, de modo abrangente. E pensar grande significa também cuidar do que parece pequeno. Buscar formas novas pra fazer as coisas. Um exemplo bem ingênuo, pra começar: que tal um projeto "Arte no Poste"? Custo-quase-zero. Cada escritor "adota" um (ou 2, ou 3) postes no bairro onde mora - pontos onde passe bastante gente, de preferência - e semanalmente coloca lá um texto. O papel da Prefeitura seria apenas NÃO arrancar o texto (nem o poste). Ah, mas pode passar um cidadão qualquer, achar o texto bonito e levar, ou escrever por cima. Tudo bem!
(Experiência parecida foi feita na Unicamp no início dos anos 90. Anos depois, duas alegrias: conheci um professor de Inglês que tinha "retirado" um texto, e uma professora de Letras que tinha guardado outro texto.)
Na saída do teatro, lancei uma provocação: se por acaso a Fundação Cultural fosse varrida do mapa, o que faria cada um de nós? Lembro do Nelson Rodrigues: a gente tem que parar de querer fazer papel de vira-lata, pessoal! Tem que perder a mania de estender o pires ou o chapéu pra ver se pinga alguma moedinha. Então, pra não ficar dependendo de Fundação, quais seriam (serão?) nossos passos? Tomaríamos mais as rédeas da elaboração de uma Política Cultural? Essas são questões cruciais.
(Pausa afetiva: VIVA Reginaldo, Zenilda e o "Poesia no Prato"!!!)
No fim das contas, acho que todos nós temos condições de extrair coisas boas deste encontro, a começar pela própria iniciativa de se abrir o debate - parabéns à moçada do Estival por isso. Dá pra sacar que existe uma "demanda reprimida" por debates desse tipo na comunidade artística joseense. Vamos para o debate, então - isso é bom. E espero sinceramente que numa próxima oportunidade (em breve!) seja possível realizar realmente um encontro de propostas sobre Política Cultural.
Paulo Barja
P.S.: vejam o filme "The Wall" (ou escutem, ou leiam a letra). Pensem: o que fazer quando o Muro cai? Por que não começar agora?
Assinar:
Postagens (Atom)