31 de agosto de 2011

Diário de um processo (11) - Teatro-cordel

(...)

   Quebro conscientemente a ordem cronológica deste "Diário de Processo" para divulgar o primeiro vídeo da "Seca da Alma" que postamos no YouTube:


   O vídeo é só do começo da peça (tal como apresentada em 26/08/2011), mas traz um exemplo do tipo de trabalho que queremos fazer, inserindo o "teatro-jornal" na apresentação, para estimular o pensamento crítico.
   Viva Augusto Boal!

Frase


Se a ignorância é uma realidade e a sabedoria uma utopia, partamos logo em busca da utopia

29 de agosto de 2011

Diário de um processo (10) - Teatro-cordel

(...)

   Logo após a apresentação do final de julho, finalizei um prólogo para a peça, divulgado em duas partes no blog Cordéis Joseenses:

 http://www.cordeisjoseenses.blogspot.com/2011/07/teatro-cordel-prologo-parte-i.html
http://www.cordeisjoseenses.blogspot.com/2011/08/teatro-cordel-prologo-parte-ii.html

   No mês de agosto, uma boa parte das reuniões teve que ser feita aqui no prédio, pois eu não tinha como ir pra rua logo após a cirurgia. O pessoal deu um apoio muito bom nessa etapa - descobri que nossos encontros de trabalho têm potencial energizante.

Reunião de trabalho no salão do prédio

   Ainda em agosto, avançaram nossos papos sobre teatro-jornal. Chegamos à conclusão de que seria bom começar a experimentar essa metodologia em apresentações, principalmente em espaços públicos.

   Também avançamos na pesquisa sobre filmes ligados ao nosso universo de interesse para este trabalho...

(continua)

28 de agosto de 2011

Parabéns a você...

... nesta data querida, Sônia Gabriel!

   Como já te disse, desejo que continue nos ajudando a saber mais da terra pra viver mais perto do céu.
   Afinal, o céu começa na terra - como diria o monge budista das histórias que te mandei, e que compartilho aqui para quem mais chegar:

(deixo aqui a ligação pro sítio da Sônia, pois vale uma visitinha lá, meu povo!)

27 de agosto de 2011

Diário de um processo (9) - Teatro-cordel

   (...)

   Na Mostra Urbana de Teatro do Espaço Cultural Flávio Craveiro, foram experimentadas diversas mudanças em relação à estreia:
i) As notícias/dados do IBGE passaram para o início da apresentação (antes ficavam no encerramento);
ii) Escrevi mais um trecho de narrativa em cordel para a parte final da apresentação, falando da viagem que muitos fizeram para "o Sul" (aí compreendidos todos os Estados que ficam "ao Sul do Nordeste");
iii) Para trabalhar a naturalidade da narrativa, sugerimos às moças a realização de atividades ligadas à vida no campo, durante a narração. Mari e Sílvia propuseram trabalhar com milho e mandioca (culturas muito significativas no sertão);

   A recepção foi boa, dizem (pena que não pude estar presente, por conta da cirurgia). Mas, claro: de lá pra cá, várias outras ideias vieram ganhando corpo...


   O grupo gostou da ideia de manter a performance "A Seca da Alma" no repertório, para apresentações curtas, enquanto continuamos os estudos para a criação de uma peça teatral mais longa, onde poderemos aprofundar a abordagem dos temas de interesse - história do Brasil (a que não aparece nos livros), migração e preconceito, entre outros.
   Na sequência dos estudos, bom deixar registrada a relevância dos papos com Antonio Carlos Guimarães, sociólogo e professor da Univap, abordando temas como as diferentes visões da História do Brasil. Um exemplo particularmente relevante para a gente é o da Revolução de 1932, que (falando muito simplificadamente aqui) em São Paulo é muitas vezes apresentada como uma revolução “libertária”, contra ditadura e coronelismos. Enquanto isso, a visão nordestina sobre o mesmo fato histórico é bastante diferente: o movimento paulista é visto como um movimento que visa a retomada dos privilégios da oligarquia paulista, sempre aferrada ao poder. Sobre esse tema específico, encontramos um pequeno tesouro no livro “História do Brasil em Cordel”, de Mark Currain (EDUSP, 2001). O livro é interessante por ter sido escrito por um historiador norte-americano, que por sua origem está naturalmente desvinculado de uma eventual visão “nortista” ou “sulista” do Brasil (escrevo assim lembrando que os próprios brasileiros adotaram por muito tempo essa divisão simplista Norte/Sul, incluindo todo o Nordeste no primeiro e todo o Sudeste no segundo).

(continua)

Utilidade pública: alguns dados sobre São José dos Campos

   Alguns dados atualizados (São José dos Campos, agosto de 2011):

- Salário do prefeito (Eduardo Cury, PSDB): acaba de ser aprovado aumento na Câmara Municipal; o novo valor supera R$19mil (+ extras)

- Salário dos vereadores: acaba de ser aprovado aumento na Câmara Municipal; o novo valor fica em torno de R$13mil (+ extras)

   Obs. importante: os "extras" chegam a quase R$24mil.

   A única votação realizada na sessão de 25/8/2011 na Câmara Municipal joseense definia quem era a favor do aumento do salário dos vereadores (o aumento do prefeito já havia sido autorizado pela mesma Câmara). 
   Segue o resultado da votação (toda a bancada do prefeito Eduardo Cury apoiou o aumento):

(Fonte: jornal "O Vale", 26/08/2011, S.J.Campos)

- Estimativa: numa média de 10 sessões de trabalho por mês, cada "dia trabalhado" de um vereador custa aos cofres públicos mais de R$1000

- Jornada de trabalho dos vereadores: em 25/08/2011, a sessão na Câmara Municipal teve apenas 5 minutos (das 18h45 às 18h50)

- Número de vereadores: a Câmara admite que estuda o aumento do número de vereadores, o que facilitaria a reeleição

* Todos os comentários enviados serão publicados neste blog.

25 de agosto de 2011

Abertura das "Noites em Processo"

Debate após a estreia do trabalho, lá mesmo no CET (jun/2011)

   Desde que foi trabalhar no Centro de Estudos Teatrais (CET), Wangy Alves está movimentando o espaço de uma forma bonita, incentivando a interação de artistas locais, estudantes e demais interessados na criação artística. Só por isso, já merece nosso aplauso e consideração - o trabalho dele na Cia Velhus Novatus também se depura e evolui com o tempo, vale a pena acompanhar.
   Hoje à noite (20h) ocorre a abertura da programação Noites em Processo, lá no CET, com a apresentação da performance teatral A Seca da Alma, que estamos conduzindo com a Cia Independente de Teatro:
 

23 de agosto de 2011

Política pública, iniciativa privada, debate aberto

   O Cine-Teatro Benedito Alves, em São José dos Campos, está num dos vários tópicos da Carta Aberta entregue por artistas da cidade a representantes da Prefeitura Municipal, Fundação Cultural Cassiano Ricardo e Câmara Municipal em novembro de 2010.
   De acordo com matérias recentemente veiculadas na imprensa, o projeto anunciado pela prefeitura neste mês de agosto/2011 para remodelamento do centro da cidade inclui a entrega do Cine-Teatro à iniciativa privada, com a possível transformação num centro comercial.
   Dada a relevância (histórica e até simbólica) do Cine-Teatro dentro de nossas discussões sobre Política Pública na área de Cultura, estou disponibilizando esta postagem para fomentar o debate sobre o tema também aqui na rede - e um debate público, aberto a todo e qualquer cidadão que queira se manifestar. 
   Escrevam! Todos os comentários serão publicados. Periodicamente atualizarei essa mesma postagem (para facilitar a consulta) com as notícias mais recentes veiculadas na imprensa sobre o tema.

PARA SABER MAIS:

18 de agosto de 2011

CARTA ABERTA - Sobre LIF e Fundo Municipal

(enviado em 19/08/2011 a membros do Conselho Deliberativo da FCCR)

Prezados conselheiros/secretaria/colegas artistas,

   Como cidadão e artista, defendo a proposta apresentada por Jacqueline Baumgratz, suplente do Conselho Deliberavo da Fundação Cultural Cassiano Ricardo: mais urgente que discutir detalhes da LIF é criar imediatamente o Fundo Municipal para Arte e Cultura (FMAC).
   Propomos, artistas e cidadão, e há anos, a criação do FMAC, por ser o mecanismo mais adequado para o incentivo à Cultura em nosso município (como em tantos outros que já utilizam com sucesso este mecanismo). Porque o FMAC permite a expressão livre, independente de qualquer exigência ou limitação eventualmente imposta pela iniciativa privada.
   É importante deixar claro que não defendo aqui "o benefício da classe artística". A reivindicação pelo FMAC é amplamente respaldada pelo povo de nossa cidade - apoio registrado inclusive através de abaixo-assinado. E a voz do povo não pode ser ignorada.
   Imagino que a comissão reunida para discutir a LIF esteja imbuída do melhor espírito de cidadania, de incentivo (não apenas "fiscal") à cultura. Assim, proponho que esta comissão, os conselheiros e a presidência da Fundação Cultural encampem e apoiem a criação do Fundo Municipal.
   Aqueles que ainda desejam saber um pouco mais sobre a diferença entre LIF e FMAC podem consultar o link:
 
http://culturaemmovimento-sjcampos.blogspot.com/2010/12/cordel-cultura-pra-todo-mundo-de-paulo.html
(esperamos que a redação esteja clara; as 800 pessoas que receberam cópia impressa na Praça Afonso Pena em dezembro passado entenderam o recado)
   Mais importante (e talvez até mais esclarecedor) é consultar as centenas de cidades de todo o Brasil que adotaram o modelo de Fundo Municipal para Arte e Cultura.
   Cidades administradas sob diferentes bandeiras partidárias/políticas.
   A verdade é as experiências verificadas nestes municípios provam que o modelo "LIF" não tem sido nem remotamente tão eficaz quanto o modelo "Fundo Municipal" no incentivo à Cultura.
   Nossa cidade não pode (mais) perder tempo: avancemos rumo ao nosso tempo. É mais que hora de São José dos Campos ter um Fundo Municipal para Arte e Cultura.
   Atenciosamente,
   Paulo Barja, cidadão joseense.

17 de agosto de 2011

Paradoxo

às vezes
fecha-se um olho
para  ver  melhor

Diário de um processo (8) - Teatro-cordel

   (...)
   No mês de julho, muita coisa aconteceu. Continuamos pesquisando histórias e depoimentos de nordestinos que vieram pro estado de SP. Histórias que de alguma forma se conectam umas às outras, seja por conta das dificuldades encontradas (entre elas, o preconceito dos que nasceram por aqui), seja por causa da vontade geral que esses migrantes manifestam: é quase unânime a saudade rasgada e o desejo de voltar.
   Ainda em julho, participei do XV Congresso Brasileiro de Folclore, apresentando os Cordéis Joseenses nos Grupos de Trabalho de Música e Literatura Popular. Foi fantástico o aprendizado e a troca de ideias com gente boa de todo o Brasil, ao longo do Congresso.
   Paralelamente ao Congresso, pudemos acompanhar boa parte do Revelando SP, evento que traz anualmente, ao Parque da Cidade de São José dos Campos, manifestações da cultura popular do Vale do Paraíba. No fim de semana de encerramento, apresentei os Cordéis Joseenses no estande do Projeto Santo de Casa / Figureiros, uma iniciativa importante de gente boa da nossa terra como Sônia Gabriel e Pérsila, entre tantos outros.
   Infelizmente, foi nesse fim de semana que surgiu meu problema no olho direito, depois diagnosticado como ruptura/descolamento grave da retina. Dia 22, passei por uma cirurgia de emergência com tempo de recuperação previsto para dois (longos) meses...
   Mas a vida continua e, na semana seguinte, teríamos nossa segunda apresentação: na Mostra Urbana de Teatro do Espaço Cultural Flávio Craveiro...

Cartaz da segunda apresentação de "A Seca da Alma"
(foto de P.R.Barja; na foto: Anne Karoline)
(continua)

15 de agosto de 2011

Comer o pão (um soneto)

(um soneto escrito em 2002 e retomado em 2008, em homenagem ao pão - na minha modesta opinião, uma das 10 melhores invenções da história da humanidade; faz todo sentido que seja um elemento simbólico também)


Comer o pão com todos os sentidos
Usar as mãos para partir a massa
Ouvir a casca que se despedaça
Ao desnudar o interior macio

Comer lambendo-se a cada mordida
Gozar o aroma, sentir a textura
Sorver o instante de delícia pura
Comer o pão como quem bebe a vida

Comer o pão estando inteiro ali
Provar seu gosto e desfrutá-lo em si
Compreender a inteira sensação

Comer olhando, com calma e tesão
Unir-se a ele numa comunhão
Tocar, entrar, fundir, comer o pão

P.R.Barja

Isabel

(um Dia dos Pais simples e especial: cantoria com Bebel... colírios com a Bebel... vivências... sinto que tudo isso é tão importante pra minha formação como para a dela. Agora ela está dormindo... e pra concluir esse dia feliz, aqui vai uma das músicas que fiz pra ela, há quase 8 anos:)


ISABEL                                         

(Paulo Barja)
Isabel
Foi um presente que caiu do céu
Por isso eu amo Bel
Isabel, Bebel

Isabel
Meu coração, se fosse... de papel
Teria escrito Bel
Isabel, Bebel

Vai ser artista a menina
Atriz, bailarina
Vai brilhar num musical
E na canção vai dizer:
“O melhor sonho é real”

Isabel
O mundo gira como um carrossel
E eu te apresento:
Bel
Isabel
Bebel

9 de agosto de 2011

Política Estadual de Busca a Pessoas Desaparecidas

Prezados,
com o objetivo de ajudar a localizar pessoas que estão afastadas de suas famílias, bem como prevenir e melhorar as buscas em relação a futuros desaparecimentos, convoco a todos para que leiam o abaixo-assinado online:
Espero que concordem com a importância de iniciativas como essa; nesse caso, além de assinar, solicito que divulguem o abaixo-assinado para seus contatos.
Agradeço a todos pelo engajamento nessa campanha pela Vida.

3 de agosto de 2011

Diário de um processo (7) - Teatro-cordel

    IMAGENS
     Além das (maravilhosas) fotos do Sebastião Salgado, vamos aos poucos juntando outras referências visuais para o trabalho - ligadas, em geral, à ideia da diáspora a que tantos trabalhadores são obrigados. Abaixo, apresentamos algumas dessas imagens que nos marcaram. A primeira é uma foto de 1929, em que a mãe americana é obrigada a encarar a dura realidade da crise - ela sofre, mas mantém a dignidade e não esquece sua função de protetora dos filhos.


Mãe emigrante (Dorothy Lange, 1929)


     Das fotos abaixo, a primeira foi capa da National Geographic em 1984 e levou McCurry a obter reconhecimento internacional. Nem todos sabem, porém, que ele voltou ao Afeganistão em 2001, em busca da mesma garota - e a encontrou. Observem a força ainda presente nos olhos e, por outro lado, as duras marcas do tempo no rosto dela.

Garota/mulher afegã (McCurry, 1984/2001)

     Por fim, temos a foto de um ícone brasileiro em momento particularmente difícil: Caetano Veloso, durante o exílio em Londres (1970). Caetano encerra esse disco cantando provavelmente a versão mais rasgadamente pungente de Asa Branca - na opinião do próprio autor da música, Luiz Gonzaga. Ao ver a capa do disco, Gonzaga diz ter percebido imediatamente a identificação de Caetano com a letra de Humberto Teixeira para a melodia tradicional nordestina:

"Eu te asseguro: não chores não, viu
que eu voltarei, viu, pro meu sertão"

Caetano: um nordestino exilado no frio de Londres

(continua)