Mostrando postagens com marcador ideia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ideia. Mostrar todas as postagens
13 de setembro de 2014
12 de abril de 2012
Refletindo sobre Arte
(para pessoas inspiradoras: Adriana Barja, Eduardo Okamoto, Jair Alves, Tin Urbinatti e tantos outros que são "artistas" porque são "humanos")
"O teatro não é revolucionário em si mesmo, mas certamente pode ser um excelente ensaio..." (BOAL)
"Não digam: 'Este homem não é um artista!' porque, se vocês puserem tamanha barreira entre vocês e o mundo, vocês ficarão fora do mundo; se não lhe derem o título de artista, talvez ele, a vocês, não lhes dê o título de homens (...) por isso digam: É UM ARTISTA PORQUE É UM SER HUMANO." (BRECHT)
A Arte não é revolucionária em si - pode vir a ser um ensaio (importante) para uma revolução. Mas, se "treino é treino e jogo é jogo", não se deve querer que a Arte (o treino) esteja acima da Vida (o jogo real). Assim, não há espaço para arrogância, muito menos para a (falsa) divisão das pessoas em "artistas" e "outros".
* * *
* * *
"O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e mulheres
não passam de meros atores." (SHAKESPEARE)
"O homem é um animal político." (ARISTÓTELES)
O ser humano é um ser político. O ser humano é um ser artístico.
O ser humano também é um ser social: não pode fazer só para si.
Como aquele-que-faz-política, aquele-que-faz-arte é um servidor.
Quando consciente disso, tem a vantagem de poder escolher a quem serve.
O ser humano também é um ser social: não pode fazer só para si.
Como aquele-que-faz-política, aquele-que-faz-arte é um servidor.
Quando consciente disso, tem a vantagem de poder escolher a quem serve.
* * *
"Não se entra no mesmo rio duas vezes." (HERÁCLITO)
Se Arte é ensaio (como diz Boal), quem faz Arte é aquele que treina, ensaia, trabalha: o operário em construção.
Não nasce pronto. Não fica pronto, pois não é produto.
Não se entra na mesma peça duas vezes. Não se entra na mesma Vida duas vezes...
10 de março de 2012
9 de março de 2012
Para que o futebol passe a ser visto como o que de fato é
(Uma crônica sobre futebol e arte, para os amigos e artistas Aguinaldo Pereira, Carlos Rosa, Julinho Bittencourt, Marcos Canduta, Marcio Douglas Mané, Réginaldo Poeta e outros que também já entenderam tudo)
Após as duas pinturas executadas por Neymar no recente espetáculo contra o Inter (RS), no dia de seu aniversário de 3 anos como profissional, não consigo mais guardar só pra mim uma percepção que vem se formando nos últimos 3 anos.
Aqui vai o provável óbvio ululante, inexplicavelmente silenciado por trás desse papo secular de chamar o futebol de "nobre esporte bretão", quando a verdade é muito mais simples: FUTEBOL é ARTE.
Aqui vai o provável óbvio ululante, inexplicavelmente silenciado por trás desse papo secular de chamar o futebol de "nobre esporte bretão", quando a verdade é muito mais simples: FUTEBOL é ARTE.
![]() |
Foto: EFE |
Como, de outra forma, justificar o deleite do artista que repentinamente se percebe arrepiado ao presenciar um drible desconcertante? E o estado de euforia e prazer a que somos coletivamente conduzidos ao apreciar um determinado lance? Um estado que é, no fundo, igual àquela sensação que faz o público de um teatro levantar-se ao final de uma ária de ópera (ou pas de deux, ou peça dramática, ou solo de sax) e aplaudir apaixonadamente "os jogadores" (the players, les jouers) pelo desempenho?
Sim, não há outra explicação: FUTEBOL é ARTE.
E, como arte, tem lá suas diferenças significativas com esportes convencionais.
Uma delas: como explicar a irreprodutibilidade de um lance futebolístico?
Partidas inteiras de xadrez podem se repetir. Alguns jogos de vôlei parecem já ter sido assistidos antes - mas o futebol... o futebol é uma caixinha de surpresas. Como a Arte.
O panteão dos ídolos praticamente não sofre alterações, quando se passa a pensar o futebol como Arte. Apenas para ficar na América Latina, continuam lá no topo os maiores artistas: Pelé, Maradona, Ronaldo, Messi, Neymar...
Ok, alguém pode perguntar: mas e os "apenas bons", como ficam? Haverá espaço na Arte para Edu Dracena, Ibson, Juan?
E eu respondo: a música também tem seus "apenas bons", ou vocês acham por acaso que todo músico é o Arismar do Espírito Santo, ou que todo guitarrista é o Toninho Horta? Não dá, né? Mas o que seria de uma grande banda, com grandes solistas, sem uma boa "cozinha"?
Apesar de tudo, os Beatles sempre foram (muito) mais que Lennon & McCartney. Havia o brilho discreto de George (Arouca? ou Ganso, mesmo?) e Ringo sempre foi a segurança necessária para os voos - um zagueiro que impunha respeito e, na hora do escanteio, ainda aparecia de vez em quando lá pra área pra cabecear.
Sim, não há outra explicação: FUTEBOL é ARTE.
E, como arte, tem lá suas diferenças significativas com esportes convencionais.
Uma delas: como explicar a irreprodutibilidade de um lance futebolístico?
Partidas inteiras de xadrez podem se repetir. Alguns jogos de vôlei parecem já ter sido assistidos antes - mas o futebol... o futebol é uma caixinha de surpresas. Como a Arte.
O panteão dos ídolos praticamente não sofre alterações, quando se passa a pensar o futebol como Arte. Apenas para ficar na América Latina, continuam lá no topo os maiores artistas: Pelé, Maradona, Ronaldo, Messi, Neymar...
Ok, alguém pode perguntar: mas e os "apenas bons", como ficam? Haverá espaço na Arte para Edu Dracena, Ibson, Juan?
E eu respondo: a música também tem seus "apenas bons", ou vocês acham por acaso que todo músico é o Arismar do Espírito Santo, ou que todo guitarrista é o Toninho Horta? Não dá, né? Mas o que seria de uma grande banda, com grandes solistas, sem uma boa "cozinha"?
Apesar de tudo, os Beatles sempre foram (muito) mais que Lennon & McCartney. Havia o brilho discreto de George (Arouca? ou Ganso, mesmo?) e Ringo sempre foi a segurança necessária para os voos - um zagueiro que impunha respeito e, na hora do escanteio, ainda aparecia de vez em quando lá pra área pra cabecear.
Sobre a plasticidade dos lances, capaz de demonstrar a tese do futebol como forma de arte, nem há muito o que comentar. Melhor fazer uma experiência: assistam uma filmagem de um grande elenco de dança. Um dvd do Ballet Bolshoi, por exemplo. Mas assistam em câmera lenta. Ok? Agora, façam o mesmo com qualquer jogo de um grande time de futebol. Entenderam onde quero chegar?
Bom, a essa altura chegamos num ponto importante: a questão da violência dentro de campo (fora de campo também ocorre, seja no futebol ou em shows de música pop).
Pois bem: por que é que vemos violência no campo de futebol? Pois é: porque muita gente insiste em pensar futebol como esporte, um território onde a competitividade muitas vezes fala mais alto que a beleza (nesse sentido, por sinal, um festival de música assemelha-se bastante a uma competição esportiva, com torcida organizada e tudo).
Acontece que FUTEBOL é ARTE. E, se percebemos isso, a questão da violência fica naturalmente resolvida. Sem uso de cartão!
Sim: se FUTEBOL é ARTE, a violência deixa de existir em campo, pois perde o sentido. Ou alguém imagina um guitarrista de um grupo sendo escalado só pra entrar com tudo na canela do Brian May ou do Eric Clapton, por exemplo? Nem pensar. O que vai predominar é a sensação de gratidão e felicidade por poder fazer uma "jam com o mestre". Do mesmo jeito que o pessoal do Inter deve ter sentido, ao cumprimentar o Neymar no fim do jogo.
Bom, a essa altura chegamos num ponto importante: a questão da violência dentro de campo (fora de campo também ocorre, seja no futebol ou em shows de música pop).
Pois bem: por que é que vemos violência no campo de futebol? Pois é: porque muita gente insiste em pensar futebol como esporte, um território onde a competitividade muitas vezes fala mais alto que a beleza (nesse sentido, por sinal, um festival de música assemelha-se bastante a uma competição esportiva, com torcida organizada e tudo).
Acontece que FUTEBOL é ARTE. E, se percebemos isso, a questão da violência fica naturalmente resolvida. Sem uso de cartão!
Sim: se FUTEBOL é ARTE, a violência deixa de existir em campo, pois perde o sentido. Ou alguém imagina um guitarrista de um grupo sendo escalado só pra entrar com tudo na canela do Brian May ou do Eric Clapton, por exemplo? Nem pensar. O que vai predominar é a sensação de gratidão e felicidade por poder fazer uma "jam com o mestre". Do mesmo jeito que o pessoal do Inter deve ter sentido, ao cumprimentar o Neymar no fim do jogo.
![]() |
Foto: GazetaPress |
Ah, mas e aquela história de "ter que fazer gol"? Como é que fica? Meu palpite: o futebol, visto e praticado como arte, passará a ter muito mais gols (temos times espalhados pelo mundo que comprovam isso semanalmente). E todos finalmente entenderemos que o velho técnico tinha razão: o gol é (sim!) mero detalhe - consequência natural da ARTE.
P.R.Barja
P.S.: Os autógrafos, claro, continuarão a ser dados apenas após o término do espetáculo, para não prejudicar a fluência do show.
Assinar:
Postagens (Atom)