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3 de janeiro de 2018

MÍDIA - PADRÕES DE MANIPULAÇÃO (1)

Título de matéria publicada na primeira edição de 2018 do jornal "A Tribuna" (Santos, SP)



SE A AFIRMAÇÃO NÃO ENCONTRA RESPALDO NO PÚBLICO, A CULPA É DO LEITOR?

     A manchete do jornal santista sugere que a Economia melhorou, MAS as classes C e D não tiveram o bom senso de "perceber" ou "sentir" esta melhora. Ao longo do texto, arrisca-se até a hipótese criminosa: as pessoas estariam impressionadas por questões ligadas ao desemprego (e/ou subemprego) e isso estaria atrapalhando a compreensão do momento atual da economia.
     Ei! Desde quando se pode falar em melhora da economia com alta do desemprego? Para QUEM, afinal, a economia estaria melhorando, a não ser para os opressores de sempre? O erro não está na percepção das classes C e D, claro.

18 de outubro de 2014

Crônica - O Nó da Gravata

(para meu pai, o eterno maestro Barja)


     Tudo que é tocado por aqueles que amamos adquire novo significado para nós. Se era um objeto simples, agora é especial; se era banal, agora é único. Pode até virar amuleto, símbolo do amor, do caráter eterno do afeto – e da saudade.
     Penso nisso a partir de uma simples gravata. E é particularmente curioso que seja uma gravata, já que praticamente não uso gravatas. Chego a passar anos feliz, sem usar gravata uma única vez. Mesmo em ocasiões formais, dou quase sempre um jeito de abdicar do terno em favor de um blaser e uma calça social, só para me sentir absolutamente desobrigado de usar gravata. Mas já cheguei mesmo a cometer o que para alguns seria pecado: colocar o terno e não colocar a gravata.
     Acho que há apenas uma ocasião em que aceito o formalismo no vestuário, e de bom grado. É quando me convidam para ser padrinho de casamento. Acho bonito, uma honraria. Penso assim: até mesmo o convite para uma palestra pode ser uma forma de expor a pessoa a uma situação difícil, mas ninguém convidaria uma pessoa para ser padrinho se não tivesse uma dose ao menos bem razoável de confiança e cumplicidade. 
     Nessas ocasiões, sei que esperam que eu use gravata. E uso gravata.
     Amanhã viverei uma dessas situações. Serei padrinho de casamento. Usarei gravata, depois de anos com o pescoço livre. Nesse caso, o primeiro a fazer é... achar a gravata.
Primeira surpresa: após intensa prospecção, descubro que tenho nada mais, nada menos que três gravatas! Incrível, dado que só devo ter usado gravata sete ou oito vezes na vida.
Mas aí vem a segunda constatação surpreendente, e é essa que me lança ao lirismo mais deslavado, desses de encharcar lenço e fazer o coração transbordar: uma das gravatas está com o nó pronto.
     Foi meu pai que fez esse nó.
     Meu pai partiu deste mundo há alguns anos. Acho que foi quando as asas cresceram demais para caber no terno – que, ao contrário de mim, ele usava com frequência. E meu pai sabia da minha aflição e dificuldade em colocar uma gravata. Acho até que a dificuldade nascia da aflição. Seja como for, eu simplesmente apanhava da gravata, não aprendia a dar o nó. E ele, após diversas tentativas de me ensinar, com paciência e amor havia feito o nó daquela gravata em seu próprio pescoço. Depois, havia afrouxado o nó: “pronto, é só você colocar e ajustar agora”.
     Sei que é simples, sei que pode soar ridículo até. Mas quanto amor, quando amor ali!
     E quanto amor, pai, aqui, ao olhar a gravata que amorosamente já enlaçou teu pescoço antes de ser por mim utilizada e guardada por anos, até a epifania deste momento.
     “Pouco amor não é amor”, já dizia Nelson Rodrigues. Pai, eu te amo tanto, tanto que não tenho medo algum do ridículo ao dizer: este nó eu vou guardar para sempre.


Paulo Barja

Maestro Barja, de gravata, no dia da formatura do autor do blog

9 de dezembro de 2013

Valsa Antiga (Valsa n.1)

Composta aos 17 anos, a "Valsa Antiga" foi a primeira de várias valsas que fiz (sempre adorei valsa ao piano). Mas ficou esquecida por 25 anos... no dia em que lembrei da existência da valsa, corri pro piano e toquei antes que esquecesse de novo. Taí:


VALSA ANTIGA (Valsa n.1)

A música nova 
que eu canto agora
já não é mais nova:
perde nesse instante
o ritmo inconstante
- a última prova
de que ela era nova.

Brisa amanhecida
logo adormecida
ao vento entardece;
no silêncio, cresce
a nuvem de angústia
por não conseguir
criar nada novo.

As palavras ditas
e as notas cantadas
são nuas e mudas,
não dizem mais nada...
e o verso perfeito
torna-se desfeito
pela ação do tempo

... e os três tempos tristes
desse meu compasso
despretensioso
são meus inimigos:
ex-música nova, 
agora uma valsa
num álbum antigo.

Paulo R. Barja

25 de agosto de 2012

Soneto àquela que se ama


(feito entre as areias de Santos, 18/08/12, e os campos joseenses, 25/08/12)

É bom tocar aquela que se ama:
terra que habita em nós, terra que é nossa,
areia-terra que no peito é bossa,
terra que é mar, é sonho, é nossa cama.

Amando a terra, amo também pessoas
que moram nessa terra-coração:
gente que faz o sal da nossa terra
e se mistura a nós nessa paixão.

 Amor: é disso mesmo que se trata.
Amor que espuma em ondas sobre a terra
moldando a alma com os seus encantos

e assim despeja em nós semente exata,
seta certeira (coração não erra):
nascemos Santos, somos sempre Santos.

 
Paulo R. Barja

11 de maio de 2012

Eterno, como Arte


   Futebol é Arte - e, como Arte, tem instantes que se eternizam e merecem ser lembrados para sempre. Pra quem realmente aprecia os "brincantes da bola", uma atuação de gala é mais importante do que qualquer prêmio ou taça. É pra relembrar, curtir na tela de novo e de novo, como uma música maravilhosa que a gente conhece de cor mas precisa ouvir de vez em quando, pra renovar a experiência.

(escrevo pensando no solo do George Harrison em "Something". Nenhuma nota a mais, nenhuma a menos. Vale o mesmo para o primeiro gol do Ganso ontem)

   Ah, sim:  e pra quem insiste em dizer que "Futebol é momento, futebol é momento", lembro que Música também é momento, Teatro também é momento, Dança também é momento... e a Vida, uma coleção de momentos. Que bom!

P.R.Barja

27 de abril de 2012

Carta do (e)leitor (26/04/2012)


Da seção CARTA DO LEITOR, "O Vale", 26/04/2012
GM em SJC

Chega a ser constrangedora a posição do prefeito Eduardo Cury diante da ameaça de cortes de postos de trabalho em São José. Ele simplesmente não faz nada. Muitos prefeitos ajudam a trazer e manter postos de trabalho em suas cidades, independentemente dos sindicalistas. Pesquisem a crise de Santos em 1989 e verão o que um prefeito pode fazer se quiser REALMENTE trabalhar pela cidade. É muita incompetência andar na contramão do Brasil.

Paulo Barja

9 de março de 2012

Para que o futebol passe a ser visto como o que de fato é

(Uma crônica sobre futebol e arte, para os amigos e artistas Aguinaldo Pereira, Carlos Rosa, Julinho Bittencourt, Marcos Canduta, Marcio Douglas Mané, Réginaldo Poeta e outros que também já entenderam tudo)

   Após as duas pinturas executadas por Neymar no recente espetáculo contra o Inter (RS), no dia de seu aniversário de 3 anos como profissional, não consigo mais guardar só pra mim uma percepção que vem se formando nos últimos 3 anos.
   Aqui vai o provável óbvio ululante, inexplicavelmente silenciado por trás desse papo secular de chamar o futebol de "nobre esporte bretão", quando a verdade é muito mais simples: FUTEBOL é ARTE.

Foto: EFE

    Como, de outra forma, justificar o deleite do artista que repentinamente se percebe arrepiado ao presenciar um drible desconcertante? E o estado de euforia e prazer a que somos coletivamente conduzidos ao apreciar um determinado lance? Um estado que é, no fundo, igual àquela sensação que faz o público de um teatro levantar-se ao final de uma ária de ópera (ou pas de deux, ou peça dramática, ou solo de sax) e aplaudir apaixonadamente "os jogadores" (the players, les jouers) pelo desempenho?
   Sim, não há outra explicação: FUTEBOL é ARTE.
   E, como arte, tem lá suas diferenças significativas com esportes convencionais.
   Uma delas: como explicar a irreprodutibilidade de um lance futebolístico?
   Partidas inteiras de xadrez podem se repetir. Alguns jogos de vôlei parecem já ter sido assistidos antes - mas o futebol... o futebol é uma caixinha de surpresas. Como a Arte.
   O panteão dos ídolos praticamente não sofre alterações, quando se passa a pensar o futebol como Arte. Apenas para ficar na América Latina, continuam lá no topo os maiores artistas: Pelé, Maradona, Ronaldo, Messi, Neymar...
   Ok, alguém pode perguntar: mas e os "apenas bons", como ficam? Haverá espaço na Arte para Edu Dracena, Ibson, Juan?
   E eu respondo: a música também tem seus "apenas bons", ou vocês acham por acaso que todo músico é o Arismar do Espírito Santo, ou que todo guitarrista é o Toninho Horta? Não dá, né? Mas o
que seria de uma grande banda, com grandes solistas, sem uma boa "cozinha"?
   Apesar de tudo, os Beatles sempre foram (muito) mais que Lennon & McCartney. Havia o brilho discreto de George (Arouca? ou Ganso, mesmo?) e Ringo sempre foi a segurança necessária para os voos - um zagueiro que impunha respeito e, na hora do escanteio, ainda aparecia de vez em quando lá pra área pra cabecear.
   Sobre a plasticidade dos lances, capaz de demonstrar a tese do futebol como forma de arte, nem há muito o que comentar. Melhor fazer uma experiência: assistam uma filmagem de um grande elenco de dança. Um dvd do Ballet Bolshoi, por exemplo. Mas assistam em câmera lenta. Ok? Agora, façam o mesmo com qualquer jogo de um grande time de futebol. Entenderam onde quero chegar?
   Bom, a essa altura chegamos num ponto importante: a questão da violência dentro de campo (fora de campo também ocorre, seja no futebol ou em shows de música pop).
   Pois bem: por que é que vemos violência no campo de futebol? Pois é: porque muita gente insiste em pensar futebol como esporte, um território onde a competitividade muitas vezes fala mais alto que a beleza (nesse sentido, por sinal, um festival de música assemelha-se bastante a uma competição esportiva, com torcida organizada e tudo).
   Acontece que FUTEBOL é ARTE. E, se percebemos isso, a questão da violência fica naturalmente resolvida. Sem uso de cartão!
   Sim: se FUTEBOL é ARTE, a violência deixa de existir em campo, pois perde o sentido. Ou alguém imagina um guitarrista de um grupo sendo escalado só pra entrar com tudo na canela do Brian May ou do Eric Clapton, por exemplo? Nem pensar. O que vai predominar é a sensação de gratidão e felicidade por poder fazer uma "jam com o mestre". Do mesmo jeito que o pessoal do Inter deve ter sentido, ao cumprimentar o Neymar no fim do jogo. 


Foto: GazetaPress

   Ah, mas e aquela história de "ter que fazer gol"? Como é que fica? Meu palpite: o futebol, visto e praticado como arte, passará a ter muito mais gols (temos times espalhados pelo mundo que comprovam isso semanalmente). E todos finalmente entenderemos que o velho técnico tinha razão: o gol é (sim!) mero detalhe - consequência natural da ARTE.

P.R.Barja

P.S.: Os autógrafos, claro, continuarão a ser dados apenas após o término do espetáculo, para não prejudicar a fluência do show.

8 de março de 2012

PLACA

Neymar comemorou hoje 3 anos (e 90 gols) como profissional no seu melhor estilo: marcando 3 gols contra o Inter (RS), dois deles DE PLACA, atravessando mais de meio campo e driblando vários jogadores antes de encobrir o goleiro... parabéns, menino! A nação santista agradece a OUSADIA e a ALEGRIA!



9 de julho de 2011

Lírica praiana


Depois de muito tempo, volto a caminhar pela praia de Santos.
É uma sensação de Adélia, só que diante do mar: epifania na praia.
E um sentimento transoceânico, de Alberto Caeiro:
nenhum poema, nenhuma canção, nenhum discurso
poderá dizer tanto quanto esse caminhar, silencioso.

16 de maio de 2011

Santos - Campeão Paulista 2011


HINO OFICIAL DO SANTOS F.C.
(Carlos Henrique Roma)

Sou alvinegro da Vila Belmiro
O Santos vive no meu coração
É o motivo de todo o meu riso
De minhas lágrimas e emoção

Sua bandeira no mastro é a história
De um passado e um presente só de glórias
Nascer, viver e no Santos morrer
É um orgulho que nem todos podem ter

No Santos pratica-se o esporte
Com dignidade e com fervor
Seja qual for a sua sorte
De vencido ou vencedor

Com técnica e disciplina
Dando o sangue com amor
Pela bandeira que ensina:
Lutar com fé e com ardor

Os autores dos gols do título de 2011: Arouca e Neymar