Mostrando postagens com marcador reflexão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador reflexão. Mostrar todas as postagens

24 de janeiro de 2017

Cultura e Bem Estar

Trecho do artigo "The Impact of Culture on the Individual Subjective Well-Being of the Italian Population", Applied Research Quality Life, 2010 (DOI 10.1007/s11482-010-9135-1), de E.Grossi, P.L.Sacco, G.T.Blessi & R.Cerutti
Traduzido, adaptado e comentado por Paulo Barja

   O termo “Cultura” é repleto de complexidades e ambiguidades. Para pesquisadores, há ao menos três diferentes sentidos que podemos atribuir ao termo, como segue:

   1º: Cultura pode ser vista como um conjunto de características associadas ao desenvolvimento humano e social e que são transmitidas de uma geração a outra através de diversos mecanismos. Estes traços podem ser cultivados e desenvolvidos, como por exemplo uma forma de canto tradicional ou um modo específico de enfeitar ou movimentar o corpo, mas é o fato de ser cultivado em um contexto social específico que determina a permanência daquela característica, tanto no indivíduo quanto em nível social.

   2º: Cultura pode envolver também a aquisição intencional de capacidades e competências que vão além de características socialmente transmitidas, relacionando-se portanto com a determinação pessoal, ainda que estas características sejam instrumentais, ou seja, estejam a serviço de objetivos cuja natureza não é intrinsecamente cultural. Um exemplo seria o aprendizado de uma língua estrangeira com o objetivo de “conseguir um emprego melhor”.

   Há estudos apontando a conexão entre o acesso à Cultura (em qualquer das acepções acima) e a qualidade de vida. Uma possível explicação: o maior acesso à Cultura faz o indivíduo avaliar melhor as diversas possibilidades de escolha diante de si – e melhores escolhas levam a uma melhor qualidade de vida. Observem que isto vale para tudo: alimentação, política...

   3º: Pode-se pensar Cultura também como um conjunto de capacidades e competências adquiridas e desenvolvidas por motivação explicitamente cultural, como quando se busca o acesso, produção e desfrute de atividades culturais para deleite próprio e/ou de outros.

   A relação entre bem-estar e este significado de Cultura pode soar intrigante para quem pensa em experiências culturais meramente em termos de lazer e entretenimento, ou seja, atividades boas, mas que não teriam grande efeito no bem estar ou na Saúde, quando comparadas a fatores como nível de renda, por exemplo. No entanto, experiências culturais revelam-se bem mais que “uma boa forma de se passar o tempo”: podem ser essenciais ao despertar disposição para buscar satisfação com a vida, novamente influenciando nas escolhas de estilo de vida e muito mais.

*   *   *

Uma vez estabelecida esta relação entre Cultura e bem estar, pergunta-se: a quem interessaria cortar investimentos em Cultura? Por que limitar o acesso da população a bens culturais? Eis uma resposta triste e maquiavélica, porém não desprovida de sentido: isso seria interessante àqueles que preferem ter sob sua administração uma população com menor condição de escolha. Proponho que reflitamos sobre isso.

16 de julho de 2014

Vida em vão? Não!


Que mundo estranho esse:
um pintor passa a vida ouvindo que "não vale nada" (e é tratado como louco);
depois que morre, um quadro seu passa a valer mais de 80 milhões de dólares.
O contrário já seria melhor...
(P.R.Barja)

5 de abril de 2013

Reflexão


     Descobri (mero palpite)
     do preconceito a razão:
     é que "saber" tem limite,
     porém "ignorância"... não!

                                                                               (P.R.Barja)

12 de abril de 2012

Refletindo sobre Arte


(para pessoas inspiradoras: Adriana Barja, Eduardo Okamoto, Jair Alves, Tin Urbinatti e tantos outros que são "artistas" porque são "humanos")


  "O teatro não é revolucionário em si mesmo, mas certamente pode ser um excelente ensaio..." (BOAL)

 "Não digam: 'Este homem não é um artista!' porque, se vocês puserem tamanha barreira entre vocês e o mundo, vocês ficarão fora do mundo; se não lhe derem o título de artista, talvez ele, a vocês, não lhes dê o título de homens (...) por isso digam: É UM ARTISTA PORQUE É UM SER HUMANO." (BRECHT)

  A Arte não é revolucionária em si - pode vir a ser um ensaio (importante) para uma revolução. Mas, se "treino é treino e jogo é jogo", não se deve querer que a Arte (o treino) esteja acima da Vida (o jogo real). Assim, não há espaço para arrogância, muito menos para a (falsa) divisão das pessoas em "artistas" e "outros".

 
 
*  *  * 
 
 
"O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e mulheres
não passam de meros atores." (SHAKESPEARE)
"O homem é um animal político."  (ARISTÓTELES)

  O ser humano é um ser político. O ser humano é um ser artístico.
  O ser humano também é um ser social: não pode fazer só para si.
  Como aquele-que-faz-política, aquele-que-faz-arte é um servidor.
  Quando consciente disso, tem a vantagem de poder escolher a quem serve.
 
 
*  *  *


"Não se entra no mesmo rio duas vezes." (HERÁCLITO)

  Se Arte é ensaio (como diz Boal), quem faz Arte é aquele que treina, ensaia, trabalha: o operário em construção
  Não nasce pronto. Não fica pronto, pois não é produto.
  Não se entra na mesma peça duas vezes. Não se entra na mesma Vida duas vezes...