Em 11 de maio, foi publicada no site 'Meon" uma matéria a respeito de nossas estimativas para o número de casos da pandemia COVID19 em São José dos Campos. Confira no link a seguir a matéria completa:
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12 de maio de 2020
Panorama da Pandemia (com foco no Brasil)
Algumas observações sobre a pandemia COVID19 no Brasil:
1) Em todos os países, espera-se uma curva com formato de sino para o número de casos diários;
1) Em todos os países, espera-se uma curva com formato de sino para o número de casos diários;
2) Esse sino tende a ser simétrico; assim, quanto mais demora pra subir, mais demora pra descer;
3) Em vários países, temos BOA margem de segurança para prever, pois a curva de casos diários já está descendo;
4) Mas (e esse é 1 grande "mas"), na segunda semana de maio, a curva de casos diários no Brasil parece ainda estar subindo
5) Deste modo, ainda não dá pra saber exatamente quando desce ou quando "acaba". Se parar de subir agora, com 2 meses de COVID19 comprovadamente no Brasil, a tendência é que a situação esteja controlada no início de julho.
6) No entanto, nossa grande questão no momento é saber "até onde isso a COVID19 vai crescer e se espalhar aqui no Brasil?"
7) Minha dica (não é previsão, só dica mesmo) é olhar atentamente a curva dos EUA...
8) Estamos umas 3 semanas atrasados em relação aos EUA. Assim, quando começar a cair o contágio por lá, estará se aproximando também a redução aqui, mas com essas 3 semanas de atraso.
Há muitas diferenças entre os 2 países, no entanto:
1) Somos MELHORES do que eles em termos de Saúde Pública - O SUS aqui é BEM melhor que o sistema deles...!
2) Por outro lado, a chegada do frio nos prejudica (enquanto eles estão saindo da pior época em termos de clima, nós estamos chegando)
Sigamos atentos. Siga em casa o máximo de tempo possível.
Paulo Barja
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28 de maio de 2018
Domingo de Cidadania
(Apesar de tudo...)
"Liguem para qualquer rádio! Avisem que estamos aqui.
Neste domingo, ao meio dia, fui à comunidade Santa Cruz para um evento de futebol - organizado pelos próprios moradores. No caminho, passei pela maior praça da região central da cidade, onde cerca de 15 pessoas vestidas de amarelo tinham esticado uma faixa pedindo intervenção militar. Alguns apitavam. Nenhum discurso.
Não desviei meu trajeto. Seguindo no rumo do evento comunitário, cheguei à Santa Cruz. Alto astral: os meninos recebiam as camisas dos times - cinco times, cinco cores. Vestindo a camisa da seleção espanhola, fui logo chamado de "olheiro da Espanha". Brincando, disse aos meninos que tempos atrás já havia levado "um certo Neymar" embora pra Europa. Todos sorriram. Debatemos rapidamente lances da partida da véspera, Real Madri x Liverpool. Que golaço, o segundo! E que falhas do goleiro, os outros gols... Em minutos, éramos amigos.
Em paralelo ao futebol, iniciava-se a organização para o almoço comunitário. Tudo colaborativo, todos se ajudando e se fortalecendo. Deixei kits de cordéis para a premiação dos meninos e, junto com amigos, também alguns livros.
Com os jogos ainda acontecendo, passeamos pelas ruas estreitas e visualmente riquíssimas da comunidade. Símbolos de futebol aqui e ali, comércio alternativo, paz e limpeza. Fomos almoçar na padaria e depois nos despedimos dos colegas.
Na volta, às 14h45, sempre a pé, passando novamente pela praça na região central da cidade... Vimos agora cerca de 150 pessoas, a maioria usando roupa amarela e alguns "embrulhados" em bandeiras do Brasil. Uma viatura da polícia circulava dando segurança a eles. Havia megafone, mas o único e insistente discurso era:
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Os times, uniformizados |
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Escolas participaram |
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Pose para foto oficial |
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Artistas e apoiadores, ao lado da mesa das premiações |
Em paralelo ao futebol, iniciava-se a organização para o almoço comunitário. Tudo colaborativo, todos se ajudando e se fortalecendo. Deixei kits de cordéis para a premiação dos meninos e, junto com amigos, também alguns livros.
Na véspera, havia ocorrido um incêndio por lá, na casa da mãe de um líder comunitário, mas todos se uniram, ajudaram (procedimentos emergenciais efetuados, estragos avaliados, planos para reconstrução) e resolveram manter o evento. Atrasou um pouco. Alguns tinham ido à comunidade de Pinheirinho dos Palmares para o lançamento da candidatura de Lula à presidência.
No evento, conheci um jovem escritor da comunidade, que lançava seu primeiro livro. O relato autobiográfico contava os muitos apuros de alguém que ainda tinha tanto a viver e que encontrara no rap uma forma de falar sobre e para a comunidade. Enquanto conversávamos, reparei que o som ambiente apresentava raps feitos provavelmente por ele e colegas dali. No início de cada gravação, trechos de notícias de rádios locais falavam sobre supostos crimes ocorridos no interior da comunidade. Entendi na hora a denúncia. Daquele jeito, os artistas locais mostravam a todos a forma como eram vistos pela cidade - e que destoava completamente da realidade que eu conheci ali, ao vivo.
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Conversa de cantadores boleiros - de vermelho, fui por alguns minutos o "olheiro da Espanha", rs |
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Hora dos jogos! |
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Torcida presente, acompanhando e comentando |
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Premiação literária: cordéis e livros |
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A comunidade, em torno do futebol: um universo riquíssimo: quadra e parquinho comunitário, arte visual, literatura... |
Com os jogos ainda acontecendo, passeamos pelas ruas estreitas e visualmente riquíssimas da comunidade. Símbolos de futebol aqui e ali, comércio alternativo, paz e limpeza. Fomos almoçar na padaria e depois nos despedimos dos colegas.
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A grande vitória é participar |
"Liguem para qualquer rádio! Avisem que estamos aqui.
Serve qualquer rádio. Tentem a Jovem Pan..."
Não pude deixar de pensar no tanto que aqueles "brasileiros de bem", uniformizados, teriam aprendido sobre cidadania se tivessem visitado a comunidade Santa Cruz.
* * *
Poderia ter acabado por ali, mas, em seguida...
Quase na esquina de casa, um rapaz negro, forte, pedia "pelo amor de Deus" que alguém ajudasse a comprar fralda para os filhos (gêmeos) dele... Disse que havia saído da cadeia há quatro dias (após 8 anos de reclusão por homicídio) e a polícia já tinha passado por ele há alguns minutos, fazendo marcação, perguntando o que ele estava fazendo ali... Ele estava tentando juntar dinheiro para as fraldas. Tinha menos de quatro reais, às 15h. A mulher estava sentada na calçada, a uma quadra, com os filhos, no frio, no sol... Ele confessou que conhecidos tinham falado para ele roubar fraldas, mas ele não queria se sujeitar a voltar para a cadeia depois de tudo... Paguei o pacote de fraldas. Com delicadeza, ele me pediu também a nota fiscal, para provar que as fraldas tinham sido compradas. Percebam a crueldade: a sociedade punitiva faz marcação cerrada... Aquele homem simples sabia que precisaria provar sua honestidade a cada instante, a cada gesto. Após guardar a nota, ele perguntou se eu era de alguma igreja; eu disse que não. Ele então me deu a bênção de Deus.
E eu recebi.
(Paulo R. Barja, com Claudia R. Lemes e fotos de JB, Moacyr Pinto e P.R.Barja)
4 de julho de 2017
Pinheirinho dos Palmares, terra de esperança
PRÉ-HISTÓRIA
Para quem não conhece a história, vale contextualizar: em 2012, o governador de SP empregou 2.200 policiais na operação de invasão àquela que era, até então, a maior ocupação popular da América Latina. Cerca de 1600 famílias (perto de oito mil pessoas) foram retiradas à força do terreno ocupado na divisa entre São José dos Campos e Jacareí.
A operação foi feita, por incrível que pareça, para beneficiar Naji Nahas, que tem em seu currículo de megaespeculador a façanha de haver exterminado a Bolsa de Valores do RJ, após a emissão de dezenas de cheques milionários - sem fundos. Nahas foi condenado, mas aqui em São José dos Campos escondeu-se atrás do nome Solectron para manter (e não utilizar) por mais de 20 anos uma extensa área em São José. Observação importante: os caminhos até que esse terreno virasse propriedade de Nahas são, no mínimo, suspeitos, uma vez que a família de alemães proprietária das terras foi assassinada no final da década de 1960, quando a propriedade passou para o Estado de SP...
No início de 2004, a área foi ocupada inicialmente por 200 famílias. O Pinheirinho cresceu, com a construção de casas de alvenaria, estabelecimentos comerciais, um parquinho recreativo, igreja: tornou-se, enfim, mais um bairro joseense à espera de regularização (como havia acontecido com o Campo dos Alemães anos antes; em 2012, eram mais de 90 os bairros joseenses aguardando regularização).
Nahas, mesmo afogado em dívidas inclusive com a prefeitura de São José dos Campos (não pagava os impostos sobre o terreno, devia décadas de IPTU), seguia lutando pela propriedade.
Em 22 de janeiro de 2012, enquanto o prefeito Cury (PSDB) se escondia na praia, a PM prestou serviço a Nahas, retirando os moradores do bairro. Houve tiros e muito gás lacrimogêneo. Dezenas de feridos. Ironicamente, a população da parte rica da cidade manifestou preocupação quanto aos... cachorros perdidos na operação. É verdade: o prefeito chegou a contratar estabelecimentos particulares para cuidar dos cães. Quanto às famílias desalojadas, contribuiu com a quantia de 100 reais mensais para as famílias que se cadastraram, valor este complementado pelo governo estadual.
A promessa: em um ano e meio, surgiria em outro local um outro bairro para acomodar os antigos moradores do Pinheirinho. Mas a promessa não foi cumprida, ou melhor, só foi cumprida sob a prefeitura de Carlinhos Almeida (PT), já em 2016.
PINHEIRINHO DOS PALMARES
O jornal local, que havia trabalhado midiaticamente contra os moradores do Pinheirinho desde setembro de 2011 (como prova artigo de P.R.Barja e C.R.Lemes, premiado em congresso), passou a tratar o novo bairro - Pinheirinho dos Palmares - de modo tendencioso e negativo, comparando-o ao que classificavam como território do crime.
Com o tempo, aprendemos a não acreditar nos jornais. Ou melhor, a exercer uma leitura crítica e buscar, sempre que possível, a verdade que "está lá fora". Nesse caso, impunha-se a visita ao novo bairro. E a oportunidade surgiu da maneira mais bonita possível: fomos convidados a participar de um evento comunitário no bairro (meu papel, em particular, seria o de apresentar cordéis para as crianças).
No primeiro domingo de julho de 2017, a comunidade do Pinheirinho dos Palmares lançou o projeto Sementes Pela Paz, que visa levar arte, cultura, esporte e cidadania às crianças do bairro. O evento reveste-se da maior importância e é um símbolo do poder de organização da coletividade - independentemente de qualquer ligação com instituições políticas. Nossa participação se dá por solidariedade, e a divulgação destas imagens visa levar a verdade aos cidadãos joseenses e brasileiros: ao contrário do que o jornal local quer fazer crer, o Pinheirinho dos Palmares é SIM um exemplo de cidadania e de gente sem medo de trabalhar pelo bem coletivo.
Como diz a galera do rap: máximo respeito por essa comunidade! Seguem fotos.
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Vista parcial do bairro novo, na chegada |
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A EMEF Pinheirinho dos Palmares. Nas comunidades da periferia, a escola reveste-se de importância adicional, pois é um "centro natural" para atividades como as oficinas culturais propostas pelo projeto SEMENTES PELA PAZ |
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A parcela infantil da comunidade, público preferencial dos Cordéis Joseenses |
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Começando a apresentação com adivinhas em cordel |
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"Quero ver você acertar: de que bicho eu estou falando?" |
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Atenção, concentração total da galera |
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Início da caminhada pela paz, em direção à escola. Sem medo de chuva! |
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"Caminhando e cantando..." |
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Ações de cidadania são essenciais para todos nós. Todos! |
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Rappers, ativistas, escritores |
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Rappers, ativistas, escritores (2) - e até a próxima! |
11 de janeiro de 2015
VÍDEOS - Cordéis Joseenses no Programa MAIS CULTURA NA ESCOLA
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30 de abril de 2013
Desmontando Falácias (ou "Pela maioridade nos argumentos")
Recebi um
email repassando “argumentos do prof. Adilson Dallari” a favor da redução da
maioridade penal. Infelizmente (mas não surpreendentemente), o autor do email
não revela os emails dos demais destinatários, impedindo assim que se abra um
debate real. Por esta razão, tomo a liberdade de trazer a discussão para este blog:
Quem perde e quem ganha com a redução da idade
mínima de responsabilidade penal?
1) Primeiro
argumento falho do prof. Dallari:
“A
Constituição Brasileira (...) reconheceu expressamente que aos 16 anos o menor
tem plena capacidade de discernimento, a ponto de poder eleger todos os
mandatários políticos (...) Logicamente, em termos de lógica formal, algo não
pode SER e NÃO SER ao mesmo tempo. Assim, ou bem se tira a capacidade eleitoral
ou se confere a responsabilidade penal.”
Resposta:
- Em
primeiro lugar, o sr. coloca em pé de igualdade duas questões diferentes (e independentes):
maioridade penal e voto facultativo para cargos eletivos. Vejamos apenas alguns
aspectos cabais dessa diferença, demonstrando a clara ASSIMETRIA da lei no que
se refere à maioridade:
a) Maiores
de 18 anos são OBRIGADOS a votar, enquanto os menores (a partir dos 16 anos) têm
o direito de ESCOLHER se querem ou não votar;
b) Mais grave
que isso: menores PODEM eleger todos os mandatários políticos, porém NÃO PODEM
ser eleitos para nenhum desses cargos!
Só isso já
é o suficiente para se pensar, não é? Porém, como físico, preciso também me
contrapor ao uso da lógica formal aqui. De fato, a lógica formal jamais poderá
ser utilizada como critério da verdade, uma vez que é possível chegar a
conclusões absurdas utilizando lógica formal. Tudo depende dos pontos de
partida, sobre os quais muitas vezes não há concordância alguma. Em alguns
casos há mesmo uma concordância quanto à FALTA de validade das premissas
iniciais, porém a lógica formal é insensível à mentira e permite concluir que “as
baleias voam”, só para citar um exemplo pescado rapidamente na internet. Em
resumo: lei alguma, decisão alguma deve ser baseada simplesmente na (muita
vezes falsa e errônea) lógica formal.
2) Segundo
argumento falho do prof. Dallari:
“A
capacidade política aos jovens de 16 anos foi um golpe do PT, pois o jovem
tende a ser generoso, se preocupa com a desigualdade e acaba acreditando nas
maravilhas do socialismo. Só com o amadurecimento e a experiência ele vai
perceber o engano, mas até aí já votou várias vezes no PT.”
Resposta:
a) EPA! Aqui o sr. está francamente NEGANDO ao jovem sequer a possibilidade de ter “amadurecimento e experiência” suficientes para votar “bem”, na sua opinião? Lamento informar que o sr. acaba de se contradizer em relação ao ponto principal da discussão colocada pelo sr. mesmo no item anterior. Brincando, eu poderia até dizer que “encerramos o jogo aqui”. Mas há muito a se dizer, ainda;
b) O sr. acha
mesmo que “generosidade” e “preocupação com desigualdade” são ENGANOS? Só posso
lamentar pelo sr.;
c) O sr.
acha mesmo que os jovens de 16 anos são “petistas por natureza”? Conheço um
bocado de gente da juventude tucana que vai ficar brava com o sr. por isto.
Conheço também a juventude anarquista de minha cidade, com a qual me
identifico, e que deve estar rindo do sr. nesse exato momento;
d) O sr.
realmente acredita que o PT, como um todo, ainda é francamente socialista? Parabéns,
o sr. crê mais no PT do que uma parte dos eleitores do partido, que se move por
questões mais imediatas e concretas do que “ser ou não ser socialista”.
e) O sr.
sustenta que só os imaturos e inexperientes votam no PT? “Depois percebem o
engano...” – Lamento, sr., mas minha mãe e a maior parte dos docentes
universitários com os quais convivo diariamente desmentem sua afirmação. Não
estou julgando partido algum aqui, apenas mostrando a falha do seu argumento.
“Quem não
foi socialista na juventude, não tem coração; quem permanece socialista na
maturidade, não tem cérebro.”
Resposta:
Como diria
Itamar (o compositor, não o ex-presidente), “Chavão abre porta grande...” – com
a triste reprodução deste chavão aqui, o sr. diz, de uma só vez:
a) que a
juventude de direita não tem coração;
b) que
socialistas experientes não têm cérebro;
c) pior de
tudo: que anarquistas não tem nem cérebro nem coração.
Puxa, o
sr. não deve ter coração para falar desse jeito...
4) Quarto argumento
falho do prof. Dallari, acompanhado de um acerto (que bom!):
“Alguém
duvida que os jovens delinquentes, revoltados, que se consideram vítimas da
sociedade e que não respeitam os valores burgueses (como vida e propriedade)
são potenciais eleitores do PT? (...)“Tudo bem: eu até concordo que o mais importante seria desenvolver MUITO a educação, mas uma coisa não impede a outra. Educação e responsabilidade não são incompatíveis: ao contrário: são complementares.”
Resposta:
Juntei o
quarto item com o primeiro acerto para não ter que dizer “vamos para o quarto”,
uma vez que não pretendo correr o risco de ser mal interpretado (eu até
dividiria com o sr. uma mesa de bar, mas nunca um quarto).
Creio que o
sr. comete um erro grave ao afirmar que a VIDA é um “valor burguês”. Não,
prezado sr., a VIDA é o mais alto valor humano, independentemente de corrente
política ou partidária. Talvez isso até o surpreenda, mas essa verdade vale
para os pobres, os burgueses e os ricos aos quais os burgueses servem.
Finalmente,
sobre educação e responsabilidade serem complementares: CONCORDO! Acho
inclusive que são uma única e mesma coisa. Como exigir responsabilidade de uma
criança de 2 anos, por exemplo, se lhe falta educação? Ainda quanto à
responsabilidade, sugiro ao sr. o estudo da prática da “justiça restaurativa” –
essa, sim, é uma prática que educa, dando responsabilidade. Bem melhor que esquecer
os maiores e menores problemas numa cela e esperar que ocorra um milagre.
Atenciosamente,
Paulo
Barja
6 de outubro de 2012
Relato cruel - mas verdadeiro
Envergonhado, ele se aproxima e vai logo avisando: não quer dinheiro.
Trinta e poucos anos de idade, não mais que 40, ele conta sua história, e simplesmente não é possível duvidar da palavra daquele homem.
Conta que foi contratado em Guarulhos para ir a São José dos Campos num caminhão, junto com pedras e azulejos.
O "contrato" é verbal: 70 reais pelo dia de trabalho, e à noite voltaria para sua cidade e família, em Guarulhos, no mesmo caminhão que o levou.
Ele aceita. Vem para São José, onde trabalha o dia todo.
Ao anoitecer, ouve do seu contratante:
"Vá passar uma água no corpo antes de entrar no caminhão, você está todo sujo de cimento! Em seguida, acerto a grana combinada e voltamos."
Ele também aceita a sugestão.
Trinta e poucos anos de idade, não mais que 40, ele conta sua história, e simplesmente não é possível duvidar da palavra daquele homem.
Conta que foi contratado em Guarulhos para ir a São José dos Campos num caminhão, junto com pedras e azulejos.
O "contrato" é verbal: 70 reais pelo dia de trabalho, e à noite voltaria para sua cidade e família, em Guarulhos, no mesmo caminhão que o levou.
Ele aceita. Vem para São José, onde trabalha o dia todo.
Ao anoitecer, ouve do seu contratante:
"Vá passar uma água no corpo antes de entrar no caminhão, você está todo sujo de cimento! Em seguida, acerto a grana combinada e voltamos."
Ele também aceita a sugestão.
Mas, quando volta ("coisa de cinco minutos"), vê o caminhão indo embora.
Aí percebe: foi enganado.
Aí percebe: foi enganado.
Trabalhou de graça, e agora está longe de casa. Longe demais pra voltar a pé...
Então ele anda, anda pela cidade que não conhece, e encontra uma igreja, onde lhe prometem ajuda... mas só para "depois de amanhã".
"Ué, e onde você está dormindo?"
"Na rua... até depois de amanhã. O sr. poderia pagar só um cafezinho pra mim? Desculpe, é que não tô parando em pé..."
Chegando na padaria, meio sem jeito, mas sempre educado, ele reformula o pedido:
"Poderia ser um refrigerante em vez de café? Está muito quente hoje..."
Aceito. Conversamos brevemente, ele está mais calmo.
Eu não.
Saio triste, pensando: "É assim que o ser humano trata seu semelhante? E alguns depois dizem que os políticos é que são safados..."
Este é um relato cruelmente verdadeiro. Aconteceu hoje, 6 de outubro de 2012.
Então ele anda, anda pela cidade que não conhece, e encontra uma igreja, onde lhe prometem ajuda... mas só para "depois de amanhã".
"Ué, e onde você está dormindo?"
"Na rua... até depois de amanhã. O sr. poderia pagar só um cafezinho pra mim? Desculpe, é que não tô parando em pé..."
Chegando na padaria, meio sem jeito, mas sempre educado, ele reformula o pedido:
"Poderia ser um refrigerante em vez de café? Está muito quente hoje..."
Aceito. Conversamos brevemente, ele está mais calmo.
Eu não.
Saio triste, pensando: "É assim que o ser humano trata seu semelhante? E alguns depois dizem que os políticos é que são safados..."
Este é um relato cruelmente verdadeiro. Aconteceu hoje, 6 de outubro de 2012.
Pergunto: até quando?
A mudança não depende de partido político. Depende de cada um.
17 de abril de 2012
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