Logo que entrei no mestrado na Unicamp, pintou o primeiro congresso científico importante pra eu ir apresentar um trabalho, em Caxambu, MG. Lembro que eu estava contente mas bem nervoso - afinal, era minha "estreia" nesse tipo de evento. Quando estava expondo o trabalho, apareceu uma professora e começou a fazer perguntas. Ela era estrangeira e falava com sotaque bem carregado, o que me deu mais medo ainda. Mas lembro que ela foi muito paciente e doce comigo, como se quisesse mesmo me acalmar. Foi bom, comecei a me sentir mais seguro e ficamos conversando um tempo sobre o trabalho. Depois fui saber que aquela ela a dra. Galina Borissevitch, uma cientista russa importante, e achei o máximo ela ter dado aquela força - provavelmente ela nem imagina o quanto isso foi importante pra mim.
Desde então, tenho tido a sorte de participar de diversos eventos, em vários países. É sempre bom - mas nunca me esqueci daquela professora russa.
Semana passada - ou seja, mais de 15 anos depois do encontro com a dra. Galina - eu estava em Aracaju e um dos palestrantes do congresso era o prof. Iuri Borissevitch, marido dela. Assim que tive chance, fui falar com ele, que também é uma pessoa inteligentíssima e muito amável. Perguntei sobre a esposa e ele me respondeu: "Você não pode imaginar: acredita que agora em vez de fazer pesquisa científica ela resolveu ficar só dando aula num colégio?"
Em seguida nos despedimos, desejando boa sorte um pro outro. E eu tenho que dizer que tudo aquilo fez sentido pra mim: entendi que aquela mulher iluminada sempre teve o interesse maior de ensinar, de mostrar o caminho aos mais jovens, dar conselhos - educar, no sentido mais amplo da palavra.
Como é bonito isso... felizes dos alunos dela!
28 de agosto de 2010
27 de agosto de 2010
19 de agosto de 2010
15 de agosto de 2010
14 de agosto de 2010
Soneto do mestre
Quando era menino ainda, tive a felicidade de conhecer um grande poeta: Roldão Mendes Rosa. Trago sua poesia em mim. Eis um soneto do mestre que até hoje me inspira:
Quem te escuta navega de olhos cegos
velhos mares há muito navegados
e surpreende-se em terras sem memória
lavrando chãos há muito já lavrados.
A quem te segue, faz-se puro o tempo
que de impuro se fez quando passado;
faz-se de lua a noite que era escura
e o dia sem ventura, aventurado.
Pensar em ti é desejar-te sempre:
sem a saudade que amargura a alma
ou a incerteza que amargura a espera.
Estar contigo é não saber que há morte:
é ver que o tempo as árvores desfolha
e outono em ti rescende a primavera.
Quem te escuta navega de olhos cegos
velhos mares há muito navegados
e surpreende-se em terras sem memória
lavrando chãos há muito já lavrados.
A quem te segue, faz-se puro o tempo
que de impuro se fez quando passado;
faz-se de lua a noite que era escura
e o dia sem ventura, aventurado.
Pensar em ti é desejar-te sempre:
sem a saudade que amargura a alma
ou a incerteza que amargura a espera.
Estar contigo é não saber que há morte:
é ver que o tempo as árvores desfolha
e outono em ti rescende a primavera.
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