É inegável que a UNIVAP vive hoje um momento ímpar de sua história, com o processo eleitoral atualmente em curso. Mais ainda: o momento configura-se como histórico para todo o Vale do Paraíba, pelo papel que a UNIVAP representa e, principalmente, poderá vir a representar, ao ser compreendida e reconhecida pela sociedade, em sua integridade, como “Universidade do Vale do Paraíba”.
Prova da relevância do processo eleitoral na universidade é o interesse manifestado a respeito do tema por muitos, dentro e fora da UNIVAP. Neste ponto, antes mesmo de se conhecer o novo reitor, uma coisa já pode ser dita: a Universidade do Vale do Paraíba é claramente maior que qualquer professor ou ex-professor, aluno ou ex-aluno, reitor ou ex-reitor - e é bom que assim seja.
A UNIVAP não é, nem pode ser, de um grupo. A UNIVAP deve ser da comunidade. Assim, a questão fundamental que deve ser respondida – não apenas pelos candidatos, mas por todos nós – é a seguinte: que universidade queremos? É extremamente importante que se maximize a participação e o envolvimento da população nesta discussão sobre o futuro da Universidade do Vale do Paraíba. Creio que a melhor forma de garantir a ampla participação popular, neste momento, seria um debate público – não uma entrevista ou mera apresentação de currículos, e sim debate mesmo. O jornal “O Vale” poderia promover este debate que, publicado integralmente, certamente ampliaria o alcance da discussão.
Que universidade queremos? Como docente e pesquisador na Universidade do Vale do Paraíba há mais de 10 anos, defendo, como a maioria de meus pares, uma universidade de excelência, com foco total no tripé ensino-pesquisa-extensão. Neste contexto, não se deve em hipótese alguma limitar a discussão a aspectos financeiros, visando simplesmente “aumentar o número de alunos”. E parece consensual a ideia de que não cabe à UNIVAP adotar o modelo de universidades particulares (com todo respeito aos colegas que nelas trabalham) em que a questão “baixo custo” é o diferencial. Isto o Vale do Paraíba já tem. Não podemos abdicar da qualidade e, nesse sentido, fontes alternativas de recursos podem, sim, ser buscadas – garantindo-se que estes recursos sejam investidos integralmente no contínuo aprimoramento do tripé básico da universidade.
Confirmar a vocação da UNIVAP para a excelência acadêmica é, a meu ver, a melhor forma de adquirir sustentabilidade, inclusive através da contínua busca de apoio junto às agências de fomento à pesquisa. O incentivo à participação dos docentes em congressos é outra iniciativa importante. Tudo isso aumenta significativamente o potencial de obtenção de bolsas para alunos na graduação e na pós-graduação. Por sinal, o atual presidente da FVE (mantenedora da universidade) já tem sinalizado um apoio importante à pesquisa, ao conceder bolsas de estudo para alunos da pós-graduação.
Embora dinheiro e/ou financiamento não devam ser o principal foco da discussão sobre o futuro da Universidade do Vale do Paraíba (restringir-se a este aspecto é ter uma visão bastante limitada do próprio conceito de universidade), há um ponto importante que foi bem destacado recentemente por dois dos três candidatos à reitoria: a correção de distorções salariais. Um novo plano de carreira é essencial e sua elaboração deverá ser fruto de um debate democrático que inclua toda a comunidade.
Por fim, como cidadão joseense, espero que o novo momento da UNIVAP também propicie maior interação entre a universidade e a cidade nos mais diversos aspectos – da saúde à cultura, da educação à tecnologia. Assim, a UNIVAP pode ser a universidade comunitária de nossa região – acessível, porém sem abdicar da excelência. É a qualidade, aliada a uma visão de formação para a sociedade, que trará cada vez mais bolsas de ensino para formação integral de nossos alunos – cumprindo, assim, a missão institucional de contribuir para o desenvolvimento do Vale do Paraíba. Creio que deve ser este o compromisso da próxima gestão na reitoria.
Nota: o presente artigo, escrito em 21/03/2012, foi submetido ao jornal "O Vale", que publicou em 25/03/2012 uma versão editada do mesmo, e com título alterado, sem fazer consulta prévia ao autor. Esta é uma razão adicional para que o texto seja mantido aqui na íntegra.
Nota: o presente artigo, escrito em 21/03/2012, foi submetido ao jornal "O Vale", que publicou em 25/03/2012 uma versão editada do mesmo, e com título alterado, sem fazer consulta prévia ao autor. Esta é uma razão adicional para que o texto seja mantido aqui na íntegra.
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