2 de março de 2014

Para debater livros, cultura e memória - I

Esta postagem visa apresentar trechos do livro Não contem com o fim do livro (RJ: Record, 2010), de Umberto Eco, Jean-Claude Carrière e Jean-Philippe de Tonnac. Nosso intuito é, a partir disso, fomentar o debate sobre livros, tecnologia e memória, dentro e fora da sala de aula.


"O que chamamos Cultura é na realidade um longo processo de seleção e filtragem. Coleções inteiras de livros, pinturas, filmes, HQs, objetos de arte foram assim açambarcadas pela mão do inquisidor, ou desapareceram nas chamas, ou se perderam por simples negligência. Era a melhor parte do imenso legado dos séculos precedentes? Era a pior? Nesse domínio da expressão criadora, recolhemos as pepitas ou a lama?"  -  J.P.Tonnac

"Sempre que surge uma nova técnica (...) ela se pretende orgulhosa e única (...) como se preparasse para varrer tudo que a precedeu (...) ao passo que, na realidade, é o contrário que acontece. A técnica não é de forma alguma uma facilidade."  -  J.C.Carrière

Nada mais efêmero do que os suportes duráveis - Este é um dos temas centrais do livro (e título de um capítulo). A incessante aceleração da produção de novidades tecnologias leva a chamar de obsoleto algo que era novo "no trimestre anterior". 
   O problema se aplica até mesmo às coisas mais banais. Anos atrás, sob o título "Vale a Pena Ver de Novo", uma emissora de TV reprisava telenovelas de décadas passadas. Agora as novelas reprisadas são aquelas produzidas 3 ou 4 anos atrás. São as novas antiguidades!
   Por sinal, enquanto compilo estas notas, acabo de jogar no lixo 2 cds que se tornaram obsoletos em menos de 5 anos: traziam softwares irremediavelmente ultrapassados.

(J.C.Carrière, in "Não contem com o fim do livro",
RJ: Record, 2010)

- Se agora dispomos de tudo sobre tudo, sem filtragem, de uma soma ilimitada de informações acessíveis em nossos monitores, (...) o que nos restará para conhecer? (...) O que devemos aprender ainda? (Carrière)
- A arte da síntese. (Eco)

Segundo Eco, caminhamos rapidamente para o ponto em ninguém mais será confiável. Isso porque todos poderão ter feito suas publicações baseados ao menos parcialmente na internet, que mistura verdades e mentiras com a mesma profusão: "Tudo ficará "sujeito à confirmação".


"O saber é tudo com que somos entupidos e que nem sempre tem uma utilidade. O conhecimento é a transformação de um saber numa experiência de vida. (...) Só nos resta - que consolo - a inteligência"  -  J.C.Carrière

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