daqui a 80 anos
nas ruínas de São José
ninguém saberá daquela via
tragada pelo rio
nem daquela outra
em desuso, abandonada
disso tudo
afinal
restará
quase nada
e quem se lembrará
daquela (in)vencível ponte
que tanto enfeiava o horizonte?
mas o rio
tenho esperança
será testemunha
viva
daqui a 80 anos
alguém achará estranho
encontrar as fundações
do projeto equivocado
que começou
a ser erguido
do lado errado
bem perto dali
a árvore mais antiga
ainda oferecerá
sombra amiga
daqui a 80 anos
quem se lembrará
do pleito que elegeu
um bando de vereador
e um (in)certo prefeito...
qual o nome do sujeito?
tento lembrar
não há jeito
- bem feito.
mas haverá
ainda e sempre
o som de uma flauta
e sua melodia incauta
que fará renascer eterna dança
nos pés espevitados de criança
haverá
ainda e sempre
um sorriso bordado em cores vivas
a força da mais bela narrativa
e cada um de nós
que por lá tiver passado
já terá deixado aos filhos
e aos filhos dos filhos
o caminho dos trilhos
a arte como oração
a artesania
daquele simples Galpão
Estação
Cidadania
(Paulo Roxo Barja, para todos os artistas do eterno Galpão Estação Cidadania)
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