22 de dezembro de 2011

Microconto de violeiro (6)


   O violeiro tinha uns 40 anos de carreira, e ostentava a barba branca com aquele orgulho simples de quem sabe das coisas. Entrou no palco tranquilo para um show de fim de ano, mas inda não tinha nem tirado a viola do saco quando ouviu um moleque:
   - Papai Noel!

* Obs.: os "Microcontos de violeiro" estão sendo publicados no sítio VOA VIOLA
 

20 de dezembro de 2011

Microconto de violeiro (5)


   Um dia o violeiro finalmente descobriu o nome da moça. Mas, quando quis falar, acabou que saiu voando e lá da árvore da esquina se pôs a piar. Que coisa!

* Obs.: os "Microcontos de violeiro" estão sendo publicados no sítio VOA VIOLA

19 de dezembro de 2011

Microconto de violeiro (4)

   O violeiro tinha vindo lá das bandas de Minas Gerais e era muito religioso.
– Se Deus quiser, um dia eu inda chego lá! Se Deus quiser! – repetia sempre.
– Ô mineiro, chega lá onde?
– Onde Deus quiser, uai! Onde Deus quiser...

 
* Obs.: os "Microcontos de violeiro" estão sendo publicados no sítio VOA VIOLA
 

Microconto de violeiro (3)


– Eita, violinha boa! – dizia o seu Dito, sempre que via o João passar com a viola. E o João tocava na praça, em baile, em inauguração de loja, em comício, em festa junina...
Um dia o Sebastião perguntou: – Ô seu Dito, ocê fala tanto que a viola do João é boa, mas nunca vai nas festas em que ele toca, por que?
E o Dito, na lata: – Uai, é pruque o João não toca direito, não ponteia, é presepeiro mesmo... mas a viola dele... eita, violinha boa!

* Obs.: os "Microcontos de violeiro" estão sendo publicados no sítio VOA VIOLA

18 de dezembro de 2011

Microconto de violeiro (2)


   O pesquisador metido a violeiro tinha uma viola boa, mas não tocava nada. Um dia resolveu apelar pra história de colocar um guizo de cascavel dentro da viola, pra ver se desembestava. Dito e feito: ele continua não tocando nada, mas o som da viola tá que é uma beleza...!

* Obs.: os "Microcontos de violeiro" estão sendo publicados no sítio VOA VIOLA

Microconto de violeiro (1)


   Fazia tudo por ela, vivia por ela. Aquela viola era a paixão do violeiro. Um dia, depois de uma cantoria, o carro desgovernado caiu no barranco. O corpo do violeiro foi encontrado agarrado à viola - que jazia intacta.
 
* Obs.: os "Microcontos de violeiro" estão sendo publicados no sítio VOA VIOLA

11 de dezembro de 2011

4 de dezembro de 2011

Respeito pela Arte e pelo ser humano

04/dez/2011

   De volta do México, quero deixar registrada aqui minha IMENSA felicidade pela (modesta) parceria com um grupo incrível: a Cia Teatro da Cidade!


  Orgulho imenso de ser amigo desse povo e de poder ajudar, ainda que seja um pouquinho, sempre que precisarem. 
   Obrigado a todos pela minha inclusão na leitura da peça "A Gaivota", de Tchekhov...
   Por aqui, continuarei minha imersão nos contos deste escritor fantástico, que sempre lutou contra a vulgaridade e a favor do respeito pelo ser humano - seja artista ou não, público ou não.
   Sigamos: com coragem, persistência e alma lavada, todos os dias.
   Amor,
P.Barja

2 de dezembro de 2011

México!

Monumento em praça pública na cidade de Mérida (México)

Ausência temporária do blog, pela presença em terras mexicanas. Muita coisa bonita por aqui, mas o mais importante: el pueblo. Generosidade, e sempre um sorriso no rosto. Logo voltaremos com novidades!
Saudações a todos,
P.Barja

20 de novembro de 2011

Consciência Negra

   A data se justifica: ainda há muito preconceito a vencer, inclusive aqui no Vale do Paraíba. E, aqui, além do preconceito racial, há o preconceito "geográfico": os nordestinos, que representam mais de 15% da população joseense (dados mais recentes do IBGE) ainda são discriminados.
   Defendamos a ideia de "Uma só raça" e também a de "UM SÓ PAÍS"!


19 de novembro de 2011

"Um Lugar Chamado Dropsie" - leitura dramática no SESC SJC

Para aqueles que vivem nos subúrbios da grande cidade,
muitas vezes apenas a esperança e os sonhos podem dar sentido à vida.

FICHA TÉCNICA
Elenco: Conceição Castro, Evandro Valentim, Marcio Santamaria, Marianna Mar,
Paulo Barja, Thais Lopes
Música ao vivo: Paulo Barja
Direção: Wallace Puosso

15 de novembro de 2011

Capítulo brasileiro em livro europeu

   Acaba de sair na Europa o livro "Acoustic Waves - From Microdevices to Helioseismology":


   O livro tem um capítulo brasileiro sobre a utilização da técnica fotoacústica em pesquisa dermatológica, escrito por uma equipe do Laboratório de Fotoacústica Aplicada a Sistemas Biológicos (Jociely, Jorge, Sérgio e eu), e a notícia boa é que pode ser baixado livremente para consulta:


   Agradeço, mais uma vez e sempre, à Jociely, ao Jorge, ao Sérgio e a todos os demais alunos com quem já trabalhei. Trabalho conjunto é isso aí!

13 de novembro de 2011

Diário de um Processo (13) - Teatro-cordel


   Os meses de setembro e outubro foram dedicados pela trupe da peça "A Seca da Alma" a trabalhos diversos. Entre as atividades diretamente ligadas à preparação da peça, destacamos o treinamento semanal de corpo com a atriz Adriana Barja.
   Também neste período houve a mudança do nome do grupo, que passou a se chamar Cia Mundo Teatral, e uma mudança no elenco, com a saída da Anne Karoline (que vai estudar e cantar em terras paulistanas) e a entrada do Diego.
   Em consequência destas mudanças, foram feitas alterações na divisão dos textos da peça.
 
   Ainda estamos (sempre!?!) em processo.
 
   O maior desafio ainda é o de sempre: trazer as imagens da seca (e da história) para o público. Continuamos pedindo aos atores que visualizem as (muitas) imagens presentes no texto.
 
   Depois de vários meses de trabalho, chegamos enfim a uma proposta clara quanto aos personagens:
                                   - O pai
                                   - A mãe
                                   - A vizinha-comadre
                                   - O violeiro
 
   Também temos agora um modelo padrão para os cartazes e material de divulgação da peça, com a criação de uma xilogravura especificamente para "A Seca da Alma", feita pelo jovem Aron dos Santos, de Taubaté (também parceiro de criação de capas dos Cordéis Joseenses).
 
   Além de trabalhar na história da peça propriamente dita, seguimos nossa pesquisa contínua de notícias ligadas ao tema da peça (migração), com dois objetivos principais: 
1) manter sempre atualizada a seção inicial (teatro-jornal); 
2) estabelecer, cada vez mais, pontes entre os relatos orais/literários/históricos e nossa realidade atual. 
   Nesse momento de "efervescência criativa" (a próxima apresentação do grupo está marcada para 19/11), uma notícia publicada hoje no jornal O Vale chama a atenção para o fato de que, no século XXI, a cidade de São José dos Campos continua sendo campeã regional em número de migrantes. De fato, esta parece ser uma característica fundamental de São José, que justifica e amplia o sentido de nosso trabalho na peça.
   A respeito da matéria publicada na imprensa, enviei ao jornal o seguinte comentário, que proponho aos atores que seja incluído no início da peça:
  " Nos últimos 20 anos, quase 90 mil pessoas migraram para São José dos Campos, ajudando a construir a identidade joseense neste início de século XXI. Grande parte veio do Nordeste. São migrantes - e são joseenses. E cada uma dessas pessoas merece o nosso respeito e o nosso agradecimento - não importa o bairro onde moram. "

* para saber mais sobre nosso processo de criação em "A Seca da Alma", digite "processo" ou "Seca da Alma" na caixa de pesquisa à esquerda, no alto do blog.

(continua)

NÃO

(sobre USP, Pinheirinho e governos principescos que abusam da violência)

eu posso discutir ocupação,
mas não posso aceitar fuzil na mão;
já disse, digo e sempre direi não
à violência contra o cidadão

12 de novembro de 2011

"A Seca da Alma" - Dia 19/11, às 20h

   Após um bom período, já estava na hora de voltar: "A Seca da Alma" terá nova apresentação no próximo dia 19/11, às 20h, no Centro de Estudos Teatrais (CET), Parque da Cidade, em São José dos Campos.
   O trabalho utiliza a poesia - e, em particular, a métrica do cordel - para falar sobre a dura vida das pessoas atingidas pela seca no sertão.
   A trupe resolveu alterar o nome: agora o grupo se chama Cia Mundo Teatral.
   Compareçam!

10 de novembro de 2011

Era uma vez...

... um governo principesco que se prolongava por mais de uma década, numa próspera cidade do Vale Encantado que, no entanto, tinha muitos problemas a resolver. Mas o governo achava melhor NÃO fazer nada, pois percebia que, com o apoio dos arautos da comunicação, continuava ganhando as eleições assim mesmo.
   O tempo passava (com aquela lerdeza típica dos contos de fada antes do surgimento do elemento de conflito)... 
   Um dia, a bela (cidade) adormecida começou a acordar... primeiro acordaram as partes mais novas, aquelas que ainda estavam em formação e, por isso mesmo, não tinham como estar acomodadas; aos poucos, os demais começaram a se espreguiçar...
   À medida que a bela adormecida acordava, o governo principesco começava a sentir uma coceirinha... e começou a aparecer também uma vermelhidão preocupante, em vários locais. Por fim, o governo principesco resolveu consultar o Grande Médico Estadual. Este destacou um Especialista em Medicina (E.M.), Manuel, pra voltar à região e acabar com a tal coceira. Ele foi...
   Após alguns exames preliminares, perceberam que era hora de agir. Mas como? Perceberam então que seria estratégico garantir os privilégios dos nobres da cidade, que assim se uniriam para perpetuar o governo principesco.
   Começaram então uma batalha para tomar as terras onde moravam vários camponeses, há muitos anos. A ideia era: expulsemos os pobres para longe, onde o barulho deles não nos atinja...

-  e aí, como continua esta história?  -

9 de novembro de 2011

Dois toques

(este poema - postagem de número 200 no blog - vai como homenagem ao querido Neymar, pelo compromisso com a alegria de jogar bola, e com um abraço ao Julinho Bittencourt, pela parceria que apenas se inicia: vamos tocando!)


Manda
        Passa
                Corta
                        Limpa
Cruza
        Chuta
                Dribla
                        Finta

Não se intimida,
   mas não entra na catimba:
sai do zagueiro,
   enche o peito, mira e... pimba!
E comemora,
   no campo de terra e lama,
como se fosse um verdadeiro REI da grama

Corre
        Pára
                Olha
                        Lança
Solta
        Marca
                Vira
                        Dança!


obs.: poema originalmente publicado na Revista Itaú Cultural

4 de novembro de 2011

Matemática do Amor


Matemática do Amor
é algo meio engraçado:
Amor, quando dividido,
resulta multiplicado

Quando ao Amor é somado
todo o peso do ciúme,
a soma então diminui
e nem sempre há quem arrume

Porém, com a subtração
do egoísmo e da vaidade,
o Amor passa a valer mais
e fica bom de verdade

Alguém pode até pensar:
como Amor é complicado!
Mas quem estuda demais
pode acabar reprovado.

Melhor é deixar fluir,
sem ficar só calculando,
pois Amor, falando sério,
só se aprende mesmo amando.

Paulo R. Barja,
novembro/2011

Música não é (só) matemática...

   Acaba de sair em livro o projeto de doutorado em história da ciência da pesquisadora Carla Bromberg, realizado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo com Bolsa FAPESP. No trabalho, ela apresenta as ideias de Vincenzo Galilei, músico e pai de Galileu.
  Ainda não li, mas estou desde já encantado com o trabalho, a partir da matéria publicada pela Fapesp:
  Parabéns, Dra. Carla!

21 de outubro de 2011

Justiça igual para todos

Após 25 anos, o sentimento é de profunda tristeza - infelizmente não há muito o que comemorar.
Mas a esperança na vida renasce quando pensamos que, a partir de agora, doutores sabem que poderão pagar por seus crimes com a cadeia:


18 de outubro de 2011

Poema-resposta (não precisa selar)


TRILHA QUE SE INICIA

preciso confessar: estou feliz
aqui, mesmo correndo sem parar
feliz por perceber que assim, aos poucos,
aprendo a me deixar emocionar
a cada perspectiva de um encontro,
a cada nova chance pra inventar

encontro representa interferência
e chance de real transformação;
celebro, a cada encontro, a própria Vida,
em corpo e alma sinto integração;
encontro é construir conjuntamente:
é fonte para toda criação

por isso é que celebro cada encontro:
encontro o que há de mais sagrado em mim;
a gente toca a gente e, desse encontro,
poesia nasce, cresce e não tem fim
- por isso é que respondo o teu convite
  dizendo para o Mundo todo: "SIM" !


para Andréa Mourão e toda a equipe do Trilha Arte Factu

15 O - Arte política em SJC (Vídeo - parte 2)

Segunda parte do vídeo com trechos da manifestação realizada na manhã de 15/10/2011 em São José dos Campos. Estudantes e artistas unidos na luta por uma cidade melhor:


15 O - Arte política em SJC (Vídeo - parte 1)

Acabamos de postar no YouTube a primeira parte do vídeo com trechos da manifestação realizada em frente à Praça Afonso Pena, em 15/10/2011, unindo artistas e movimento estudantil - arte política, por uma cidade melhor:

15 de outubro de 2011

15O em São José dos Campos

Fotos do 15O joseense - Arrumando o caminhão de som, sem medo de expor a indignação. Na pauta: poesia, notícia e cantoria - chuva pra gente é refresco!


Não estamos mortos...

Super salário não!

"Eu perguntei a Deus do céu: por que tamanha corrupção?"

Em breve, o vídeo no Youtube - se você também acha que tá mais que na hora de se posicionar diante de tanta coisa que tá acontecendo por aqui, venha com a gente!

11 de outubro de 2011

Desmascarando a mentira

Prezados,

indico a leitura da nota abaixo:


É por isso que eu digo: temos que estar sempre atentos!
Saudações cidadãs,
Paulo Barja

9 de outubro de 2011

"O Piano" (homenagem à mestra)



Eis a  letra da canção:

O PIANO

Há um piano à beira do mar:
é necessário voltar.
Há um mistério mudo no ar:
sonho me faz recordar.

Doce é o meu farol:
nada de mal me alcança.
A tempestade lança
seus raios sobre mim,
mas toco e vejo sol.

Há um chamado, como um cantar;
vem lá do fundo do mar.
Há um piano esquecido lá,
em silêncio, a repousar...

Dulce é meu farol:
nada de mal me alcança.
A tempestade lança
seus raios sobre mim,
mas toco e vejo sol.
(Paulo R. Barja)

7 de outubro de 2011

Produção artística e difusão literária - por um debate aberto

Prezados amigos, escritores e/ou acadêmicos joseenses,
   Nas últimas 24h, recebi - de 4 fontes diferentes - essencialmente a mesma mensagem, apresentando edital aberto pela Prefeitura de SJC no final de setembro.
   Transcrevo aqui o email recebido:

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Enviada em: Quarta-feira, 5 de outubro de 2011 16:15
Assunto: Início do período de cadastramento para autores residentes no município de São José dos Campos

Caros autores,
Boa tarde!
No dia 03 de outubro de 2011, teve início o processo de cadastramento de autores residentes no município de São José dos Campos, na Secretaria Municipal de Educação.
Esse cadastramento ocorrerá até o dia 14 de outubro. (Por gentileza, verificar detalhes do processo de inscrição no Anexo - Edital nº 06).
A abertura do processo de cadastramento pretende contemplar a primeira etapa da execução da Lei Municipal nº 8368/11, que dispõe sobre a criação do Programa de Valorização dos Autores de Livros residentes no Município. Pedimos, por gentileza, que leiam os detalhes no Edital em anexo. Ressaltamos que as informações também serão divulgadas no site oficial da Prefeitura. Sem mais.
Atenciosamente,
Mirian Menezes de Oliveira
Orientadora de Componente Curricular do Programa Sala de Leitura
- - - - - - - - - -

   Por considerar de extrema importância essa iniciativa, fui ler o edital, que assim descreve o que se espera dos projetos inscritos:

"Projeto, contendo Plano de Ação, contemplando atividades artísticas como teatro, música, pintura, desenhos, histórias em quadrinhos, saraus, hora do conto e teatro de fantoches."

   Ao ler, pensei: ah, posso convidar artistas que se interessem em ajudar a difundir a literatura de cordel nas escolas joseenses junto comigo. Vamos fazer algo realmente bom - e comecei a pensar em gente da melhor qualidade para essa empreitada. Então liguei para o telefone indicado no próprio edital para "informações adicionais" e perguntei:

- Por favor, qual a ajuda de custo que será oferecida aos escritores e aos artistas participantes do projeto?
   Resposta:
- Não haverá nenhuma ajuda de custo. O edital prevê apenas a divulgação das obras literárias.

   Agradeci a informação, desliguei e fiquei pensando: puxa, será que se esqueceram de que escritores, atores e músicos tem gastos com transporte? Precisam comer, se vestir, e para isso trabalham...
   Aos que pensam que devemos fazer tudo "por Amor à Arte", respondo: fazemos isso todos os dias, cada um do seu jeito - inclusive dentro da sala de aula! Mas, embora o Amor alimente, inverto aqui a (sempre atual) frase dos Titãs para lembrar que "a gente não quer só diversão e arte": comemos, pensamos - e, pior ainda, ainda nos arriscamos a questionar, por acreditar na construção conjunta  (dialética, democrática) de um modelo efetivo de política cultural em nossa cidade.
   Proponho aqui uma reflexão conjunta sobre as seguintes questões:

1) O que se entende por "valorização"? 
(Tem a ver com "trabalhar por valor zero", ou talvez com o conceito de "meritocracia", tal como apresentado na proposta do plano de carreira para os servidores municipais?)

2) Especificamente, o que seria "valorização dos autores de livros residentes no município"?

3) Quais as chances de escritores e artistas serem chamados a contribuir na elaboração de futuras propostas municipais para as áreas de Educação e Cultura?

4) Existe algum risco desse "programa gratuito de valorização da literatura na base do amor à camisa" ser utilizado como peça de campanha política, uma vez que 2012, o ano previsto para implementação, é ano eleitoral?

   Esclareço que não sou filiado a partido político e não proponho aqui uma discussão partidária. Por outro lado, como membro da Academia Joseense de Letras (AJL), tenho o dever de me posicionar, até porque a comissão avaliadora prevista no edital inclui a AJL.
   Sei que o tempo de cada um de nós é valioso, então para ganhar tempo proponho alternativas:

1) Que tal um edital para formação de Estantes de autores joseenses em todas as escolas e bibliotecas municipais? A prefeitura pode avaliar e comprar os livros ou obras que considere de excelência para a formação educacional dos jovens da cidade.
(obs.: este ano já foram implantadas várias "cordeltecas joseenses" em municípios de SP e Paraná, com apoio do governo federal, porém é dada prioridade a municípios com baixo IDH, pois entende-se que cidades como São José dos Campos apresentam condições de bancar iniciativas semelhantes).

2) Outra proposta seria um Cadastro de artistas que se disponham a apresentar em escolas obras vinculadas à literatura, recebendo para isso um cachê adequado. Sei de muitos grupos joseenses que tem desenvolvido esse tipo de trabalho, independentemente da prefeitura, graças à sensibilidade de professores e diretores de escolas públicas e particulares. Mas é claro que seria bom contar com o apoio da administração municipal.

3) Futuros editais da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR) poderiam incluir especificamente uma categoria Literatura, voltada para criadores literários que apresentem propostas de atividades como palestras, encontros literários e rodas de leitura, atuando assim na difusão da literatura em nossa cidade.

   Creio que muitas cabeças pensam (muito) melhor que uma. Assim, minha ideia com esse texto é apenas propor a abertura de um debate franco e democrático sobre a efetiva valorização da literatura e dos criadores artísticos em nossa região. Por favor, contribuam com ideias, questões, propostas...
   Saudações cordelísticas,
Paulo Roxo Barja

5 de outubro de 2011

Precisão

(para o amigo Moacyr Pinto)
 
O sapo, quando ele pula
Não pula por boniteza
Mas pula por precisão

Nas ruas, o cidadão
Não corre por boniteza
Mas corre por precisão

O homem que está com fome
Não come por boniteza
Mas come por precisão

A nossa indignação
Não nasce por boniteza
Mas nasce por precisão
 
Se a dor ensina a gemer,
Tão grande quanto a esperança
É nosssa resolução:
Ninguém precisa sofrer
Por medo de ver mudança
- que venha mudança então!

29 de setembro de 2011

Precisamos conhecer Pedro Lobo

   O livro Pedro e os Lobos, de João Roberto Laque, acaba de ser indicado ao Prêmio Jabuti, na categoria reportagem. A obra conta a história do ex-policial militar Pedro Lobo, que participou da luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Mais informações através do blog:

22 de setembro de 2011

O Que Somos (poema pra falar na rua)

(Quinta-feira, 22/09/2011. Mais uma passeata dos estudantes joseenses, saindo do centro da cidade em direção à Câmara Municipal. Dessa vez, com a participação dos trabalhadores dos Correios, em greve contra a abertura da ECT à iniciativa privada. Segue um poema para retratar o momento)



Somos como água da chuva:
cada gota é importante
- é somando nossas gotas
que a chuva molha bastante

Somos como a simples uva:
bem pequena, isso é verdade
- mas as uvas, todas juntas,
alimentam à vontade

Avançando em campo aberto,
como o vento somos nós:
pela porta ou pelas frestas,
chega a todos nossa voz


Força, moçada!

21 de setembro de 2011

Matéria da TV sobre o Cine Teatro (Vanguarda News, set/2011)

Prezados,

   Esta semana a TV Vanguarda colocou no ar a matéria feita sobre o Cine Teatro Benedito Alves, incluindo declarações de alguns dos (muitos) envolvidos na luta pela recuperação deste espaço cultural da nossa cidade - lembramos que essa é uma luta de todos nós enquanto cidadãos joseenses.

Celso, Jacqueline e Paulo, em frente ao Cine Teatro
   Na matéria, a prefeitura garante que, com apoio da iniciativa privada, o teatro será entregue (de volta) à população até o meio do ano que vem.  Segue a ligação para o vídeo:


   A parte final da matéria apresenta um trecho do poema "A Seca da Alma", em que menciono os políticos que pensam no povo só quando chega a eleição...


"Há quem se lembre do povo só em tempo de eleição..."
"mas nossa reclamação
tanto bate até que fura:
A Seca d´Alma é tão dura
quanto a Seca do Sertão"

   Em seguida a jornalista conclui dizendo que "tá dado o recado" e que a TV vai cobrar o cumprimento da promessa de "teatro funcionando até o meio de 2012".

Artistas-cidadãos, unidos por mais espaço para a Arte na cidade

   Nós também vamos cobrar o cumprimento dessa promessa!

20 de setembro de 2011

PRETO NO BRANCO (e não o contrário)

Vejam a propaganda da Caixa, mostrando Machado de Assis... branco!


Não dá pra deixar sem resposta uma dessas. Então... aqui vai uma resposta:

MACHADO ERRADO
(Paulo R. Barja)

A propaganda da Caixa
errou com espalhafato:
Machado não era branco,
nasceu e morreu mulato!

Cortaram a machadadas
a cor que era do Machado;
na Caixa, virou fantasma:
ficou branco e assustado!

Não pode passar em branco
um erro tão grave assim:
se com o Machado erraram,
o que vão fazer de mim?

Pra que ser alienista?
Melhor é que seja franco:
se não quiserem mulato,
não entro mais nesse banco!



Segue o clipe da marchinha "Machado Errado", disponível no YouTube:

19 de setembro de 2011

Ler e ver Boal, porque é bom - e necessário



Prezados,

    cheguei há pouco aqui em São José dos Campos e tinha que escrever sobre a maravilha que foi ver "Murro em Ponta de Faca", do grande Augusto Boal, no SESC Belenzinho - com um afiado elenco paranaense dirigido por Paulo José. Agradeço (muito!) ao pessoal do Portal Macunaíma, que indicou a excelente montagem. Valeu muito a pena, estou cada vez mais impregnado pela força do trabalho do Boal, tão bem apresentado nesse espetáculo. Confesso que fiquei impactado a ponto de não conseguir falar com os atores depois... mas é daquelas peças que a gente vem reverberando interna e externamente na viagem de volta, e depois.
    Embora cercado por gente querida do teatro, não tenho formação teatral (venho da música), mas Boal pra mim é uma porta de entrada - necessária, diga-se de passagem. Nos tempos atuais, impossível não bater cada vez mais forte a sensação de "cidadão da Grécia moderna" (feliz expressão da crítica publicada no Macunaíma) com vontade intensa de se manifestar a respeito de questões atuais e eternas, locais e universais. Percebo que estudar nossa História (não a dos livros didáticos) é essencial até mesmo para compreender nossa função enquanto artistas-cidadãos.
    No meio de tanta força cênica, um detalhe bonito da montagem é ver Maria lendo Eduardo Galeano - O Século do Vento, se não me engano (por coincidência, o primeiro livro dele que me chegou às mãos). Galeano tem tudo a ver com Boal. Ambos, presenças fortes e necessárias.
    A peça nos instiga e fortalece. E fortalece também a sensação de que, afinal, somos todos hermanos (lembro a canção de Atahualpa Yupanqui): cada qual con su camino, mas buscando a construção coletiva de um país e de um mundo melhores. Obrigado, atores e crítica, por tudo isso. É como dizem na peça: a gente se vê por aí, a gente se encontra, numa rua desconhecida que seja, mas se encontra...

MURRO EM PONTA DE FACA - Texto de Augusto Boal. Direção de Paulo José.
Com Abilio Ramos, Erica Migon, Gabriel Gorosito, Laura Haddad, Sidy Correa e Nena Inoue.

18 de setembro de 2011

Pela Salvação do Cine Teatro

(ou "Pitadas de teatro-jornal", p.2)

   Segue mais um material importante para o resgate da história de São José dos Campos na área cultural - em particular, no que se refere ao Cine Teatro Benedito Alves. Mais uma contribuição da historiadora e bailarina Eliete Santos:


   Neste sábado, 17/09/2011, Cesar Pope e sua Rádio Aguapé deram o tom valeparaibano do "Playing for Change Day", celebrado com atividades em todo o mundo.
   Durante as atividades na praça, Eliete me passou a matéria; aí, no meio da apresentação musical do (excelente!) Max Gonzaga, fui ao microfone, anunciei: "Pausa para uma notícia importante!" e fiz a leitura de trechos da matéria acima.
   Só após a leitura, dei a informação: "Pessoal, essa matéria é de MARÇO DE 2003!"
   Pra gente ver que essa luta vem de longe, e infelizmente ainda é atual...

(obs.: ressalto na foto a presença da querida Eva Sielawa, que acolheu a gente na vinda pra cá, pouco antes dessa matéria do ValeParaibano)