Prezados,
cheguei há pouco aqui em São José dos Campos e tinha que escrever sobre a maravilha que foi ver "Murro em Ponta de Faca", do grande Augusto Boal, no SESC Belenzinho - com um afiado elenco paranaense dirigido por Paulo José. Agradeço (muito!) ao pessoal do Portal Macunaíma, que indicou a excelente montagem. Valeu muito a pena, estou cada vez mais impregnado pela força do trabalho do Boal, tão bem apresentado nesse espetáculo. Confesso que fiquei impactado a ponto de não conseguir falar com os atores depois... mas é daquelas peças que a gente vem reverberando interna e externamente na viagem de volta, e depois.
Embora cercado por gente querida do teatro, não tenho formação teatral (venho da música), mas Boal pra mim é uma porta de entrada - necessária, diga-se de passagem. Nos tempos atuais, impossível não bater cada vez mais forte a sensação de "cidadão da Grécia moderna" (feliz expressão da crítica publicada no Macunaíma) com vontade intensa de se manifestar a respeito de questões atuais e eternas, locais e universais. Percebo que estudar nossa História (não a dos livros didáticos) é essencial até mesmo para compreender nossa função enquanto artistas-cidadãos.
No meio de tanta força cênica, um detalhe bonito da montagem é ver Maria lendo Eduardo Galeano - O Século do Vento, se não me engano (por coincidência, o primeiro livro dele que me chegou às mãos). Galeano tem tudo a ver com Boal. Ambos, presenças fortes e necessárias.
A peça nos instiga e fortalece. E fortalece também a sensação de que, afinal, somos todos hermanos (lembro a canção de Atahualpa Yupanqui): cada qual con su camino, mas buscando a construção coletiva de um país e de um mundo melhores. Obrigado, atores e crítica, por tudo isso. É como dizem na peça: a gente se vê por aí, a gente se encontra, numa rua desconhecida que seja, mas se encontra...
MURRO EM PONTA DE FACA - Texto de Augusto Boal. Direção de Paulo José.
Com Abilio Ramos, Erica Migon, Gabriel Gorosito, Laura Haddad, Sidy Correa e Nena Inoue.
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