5 de setembro de 2011

HISTÓRIAS DO CINE-TEATRO

   Essa postagem pretende ser um gesto afetivo pela preservação da vocação histórica do Cine-Teatro Benedito Alves. Todos as pessoas que já se apresentaram no Cine-Teatro estão convidadas a deixar aqui um relato sobre alguma vivência importante que tiveram no Cine-Teatro.
   Cada relato recebido será publicado como comentário a esta postagem, e depois podemos organizar uma leitura coletiva desses relatos afetivos.
   Até o momento, já temos  13  relatos:
1) Wallace Puosso
2) Karina Muller
3) Sônia Gabriel
4) Eduardo Rennó
5) Edson Gory
6) Andréia Barros
7) Wagner Moloch
8) Kardec Gonzaga
9) Julio Saggin
10) Eliete Santos
11) Eva Sielawa
12) Cláudio Mendel
13) Santos Chagas

   Compartilhe também seu relato!
Saudações,
P.Barja

13 comentários:

  1. Paulo, minha história com o Cine Teatro Benedito Alves começa na primeira metade dos anos 90. Há dezoito anos atrás, no dia 01 de agosto de 1993, participei do projeto "Nelson rodrigues - Vida e Obra", onde fiz Herculano (olha só!!) em cena de "Toda Nudez Será Castigada", dirigida pelo Claudio Mendel. Foram seis cenas (de quatro diferentes textos) no total. Os outros diretores foram Fernando Rodrigues, Andréia Barros, Brígido Vieira, Carlos Rosa e Cristiano Karnas. Foi muito bom ter trabalhado com esse povo todo no palco do Benedito Alves. Experiência única.
    Um ano depois,a Kelcei Aquino estava dirigindo "Os Mokorongos", de Léo Lama e me convidou pra fazer parte do elenco. Naquela época (1994) podíamos agendar o teatro para ensaios e também ficávamos o tempo que fosse necessário. Chegamos a fazer ensaios até duas, três horas da manhã.
    Em 1995, todo o processo de ensaio do espetáculo "Posições Amorosas", de Paulo Núbile, com direção de Santos Chagas, foi realizado no Benedito Alves.
    Outra lembrança marcante foram as exibições de filmes de arte aos domingos à tarde. E, ainda sobre filmes, houve um sábado à noite (sessão à meia-noite) com coquetel antecedendo a exibição de "The Doors", do Oliver Stone. Bons tempos...

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  2. Depoimento enviado por KARINA MULLER, atriz:

    Algumas das primeiras peças de teatro que vi na minha vida foi nesse cine teatro, com um grupo amador que fazia teatro infantil nas escolas. Na época eu fazia jazz e sapateado apenas, mas meus olhos já se voltavam para essa linguagem e sempre acompanhava o trabalho de uns amigos que lá se apresentavam. Me lembro daquele teatro pequeno cheio de crianças de olhar vidrado esperando as luzes acenderem. Vinham em grupos, uniformizadas, grudadas umas nas outras, observando atentamente aquele local diferente e cheio de mistérios. Naquela época não poderia imaginar que centenas e centenas de olhares atentos seriam parte de meu trabalho atual, como atriz de teatro para crianças... Eu ainda era uma adolescente cheia de vontades e sonhos, me abrindo para as tantas possibilidades da vida, que teve a sorte de observar ser possível trabalhar com arte. Nunca me apresentei lá, mas aquele lugar é parte da minha memória, sementes que foram lançadas em minha caminhada e que a seu tempo brotaram para que eu cultivasse da melhor forma possível. Esse trabalho no Cine Teatro Benedito Alves inspirou muitos adolescentes a estudar Artes Cênicas e trabalhar de maneira profissional com arte. Lá fui expectadora...mas, ao longo dos anos sempre esperei que aquela porta abrisse outra vez. Um pequeno teatro no coração da nossa cidade... Será que precisamos de mais um shopping? Será não há outros investimentos além de condenar a população ao consumismo insano que rege todo o resto de São José dos Campos? Precisamos só de produtos que vão virar entulhos em poucos dias ou de novos olhares sobre nosso mundo caminhando para o precipício? O mais lindo de um trabalho de arte é expressar o poder da transformação da realidade, que sempre acontece de maneira perfeita na natureza. Seria lindo ver aquele pequeno teatro iluminado outra vez, transformado no que nunca deveria ter deixado de ter sido - um ponto de luz em nossa cidade.

    Karina

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  3. Pois é, a minha relação com o Velho Teatro, como dizíamos, foi apenas de plateia. Fazia o antigo Ginásio e lembro que fomos levados pela professora de História - Margot. Pensar no nosso Velho Teatro me fez lembrar de algo que já tinha passado em minha memória. Imaginem então, quantos têm a dizer sobre ele. O tratamento que nossa sociedade e nossos políticos dispensam aos espaços históricos e culturais merece muita atenção e vigilância, sempre! Parabéns, Paulo! Grande iniciativa...

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  4. Depoimento enviado por EDUARDO RENNÓ, músico:

    Fiz minhas primeiras apresentações com o RIO ACIMA no Cine Teatro Benedito Alves a partir de 1985. A partir de então, pelo menos duas vezes ao ano nós agendávamos o Teatro e fazíamos a nossa produção, com o apoio da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.
    Alguns shows tiveram participações especiais, como João Bá, e em outra ocasião o músico Passoca, autor de "Sonora garoa", trilha do filme "A Marvada Carne". Todas as apresentações tinham lotação máxima - ao que me consta o público de 1987 foi um dos maiores do ano.
    Taí a importância de restaurar esse espaço e devolve-lo aos artistas e à população de São José dos Campos.
    Um abraço à todos

    Eduardo

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  5. Bem, tenho um carinho especial pelo Cine Teatro Benedito Alves, afinal foi vendo uma peça lá que realmente resolvi me dedicar ao ofício do teatro.
    Não me recordo o ano,acho que 1990, mas foi numa peça com a Maria Luiza Castelli, mas duas atrizes e também o antonio Fonzar, que achei aquilo tudo mágico.
    Fiquei intrigado, como 4 atores se davam com maestria numa platéia tão ínfima de uns trinta espectadores.
    Aquilo me absorveu de tal forma que falei: É isto que quero.
    Achei tudo tão digno!
    Daí outra memória foi a apresentação que fiz da peça: Aurora da Minha Vida, uma verdadeira maratona com adultos e crianças, no ano de 1999, onde o espaço já mostrava sinais claros de degradação.
    Não tinha mais iluminação nem som, tanto que improvisei com "set lights e um 3 em um", mas o resultado foi um dos momentos mais importantes da minha carreira, pois tinha paixão, como em tudo que faço.
    Bem é isso!
    O Benedito Alves é e deve continuar sendo o espaço da classe artística de São José!
    Quando digo classe artística: São todos, sem retaliações políticas ou ainda brigas pessoais, como sabemos que têm por aí!
    Como diz a garotada de hoje: "Cada um no seu quadrado" e aceitemos as diferenças!
    Ninguém é obrigado pensar igual!
    Ninguém é obrigado a ser totalmente PT / PSDB ou sei lá mais o que!
    Se não unirmos todas as forças e deixarmos as provocações de lado, tudo vai pelo ralo, como já está indo!
    É isso aí!

    Edson Gory
    diretor - dramaturgo - professor - ator - booker

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  6. Relato de ANDRÉIA BARROS, atriz:

    As minhas histórias no Cine Teatro Benedito Alves da Silva tiveram início na década de 80, quando comecei a participar do teatro estudantil do Colégio Olavo Bilac. Passei a freqüentar o local como espectadora curiosa para conhecer os "bastidores". Assisti a vários espetáculos, entre eles “Diário de um Louco”, com direção de Claudio Mendel (ironia do destino).
    A partir daí, tomei a decisão de ser atriz, mas com os entraves “burocráticos” da família tive que primeiro fazer Faculdade de Jornalismo. Mesmo assim, fui à luta e participei do infantil "Libel e o Palhacinho", com direção de Carlos Tamito, cuja estréia e temporada foi no Cine Teatro Benedito Alves da Silva. Em seguida, veio "Velório a Brasileira", também dirigido pelo Tamito e, no início de 90, teve início o Grupo Teatro da Cidade, mantido pela Fundação Cultural e com objetivo de formar atores e técnicos na cidade.
    Nessa época tive grandes momentos no Cine Teatro. Um deles foi o workshop sobre a obra de Nelson Rodrigues, no qual vários integrantes do grupo na época atuaram e/ou dirigiram cenas das principais peças do dramaturgo. Em Álbum de Família, com direção de Cristiano Karnas, estava Yan Christian, que depois participou de "Toda Nudez Será Castigada", primeira montagem da Cia Teatro da Cidade, quando se tornou independente da Fundação Cultural. A peça ficou em cartaz no Cine Teatro em 93 e foi a última vez que Yan se apresentou em São José. Em seguida, ele foi para o Grupo Macunaíma, de Antunes Filho, e faleceu pouco tempo depois, no auge da carreira iniciante de um grande ator.
    Outro momento marcante foi uma apresentação do espetáculo com os poemas de Fernando Pessoa, com Walmor Chagas e Ítalo Rossi. Como espectadora curiosa, lá fui eu tentar falar com os 2 sobre teatro: passei horas no camarim com Ítalo Rossi, conversando sobre sua carreira e histórias de outros teatros. Lembro-me que Ítalo Rossi a todo o momento elogiava o Cine Teatro: “esse local é perfeito para vocês que fazem teatro na cidade”, disse ele.
    Lembro de muitas outras histórias, mas nesse momento registro essas emoções vividas no Cine Teatro. Espero, com muita esperança, ainda viver muitas outras.

    Andréia Barros

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  7. Relato de WAGNER MOLOCH:

    Dentre as várias lembranças que tenho do Benedito Alves, citarei duas em especial, e vamos à elas!
    1) Lembro-me de ter assistido ao filme "Quilombo dos Palmares" nos anos 80. Eu estudava na escola Olímpio Catão e foi uma iniciativa da professora de história... foi de um enriquecimento enorme para a aula, inclusive tais iniciativas deveriam ser rotineiras nas escolas, giz e lousa dão no saco, o conhecimento requer dinamismo também, já foi o tempo da decoreba, precisa-se realmente aprender.
    2) A segunda foram os dias em que ia na SESSÃO MALDITA... aquilo era demais, iniciativa cultural que se preocupava com gêneros cinematográficos (terror, suspense, guerra...) que não são comumente tocados em nossa região, nesse circuito cultural bastante fechado em específicas temáticas. Sempre fui ligado ao terror em especial, a Sessão Maldita faz parte de minha história, e obviamente o Benedito Alves.
    Muitas apresentações de bandas também já vi por lá, e agora ao digitar estas rápidas palavras me recordo de ter visto a dupla de palhaços Torresmo e Pururuca na infância, tenho quase certeza de que foi lá também.
    Vi que aconteceu uma manifestação na frente do teatro, mas deveriam divulgar mais tais ações, sou um artista aqui de São José dos Campos que não soube do ocorrido e estaria disposto a ajudar, e tenho certeza que tantos outros também não souberam e ofereceriam a mesma energia em apoio ao prédio e sua história e repúdio à esta administração que procura tornar nossa cidade uma São Paulo, no pior sentido da palavra, a cultura e o verde sendo um mero detalhe.

    Wagner Moloch
    Sculpture-Video-Music-Psychonaut

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  8. Relato de KARDEC GONZAGA:

    Pois é, meus amigos...
    eu tinha 11 ou 12 anos quando minha querida professora OLGA, esposa do querido professor CUSTODIO, levou todos nós, alunos do OLIMPIO
    CATÃO, para ver uma peça teatral.
    Foi muito lindo, era a primeira vez que eu
    entrava num teatro... nós, crianças do Banhado, linha velha, éramos discriminados aqui na cidade. Por sorte tive uma grande professora, que
    tinha um grande coração e nos levou para asistir uma peça da época chamada "O HOMEM MAU". Na época, o teatro se chamava Cine REAL.
    um abraço.

    Kardec Gonzaga, músico

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  9. Relato de JULIO SAGGIN:

    Em 1991, o grupo "Teatro da Cidade", então mantido pela FCCR, abriu inscrições para novos integrantes, que participariam da montagem do
    espetáculo MORTE E VIDA SEVERINA, que contou com figurinos de Dagmar Siqueira, direção musical de Eder Ferreira Duarte e direção geral de
    Moisés Miastkwosky.
    Lembro que eram muitos os inscritos. Muitos mesmo! O palco do Cine Teatro foi escolhido para a 1ª seleção (corrijam-me se estiver errado), e ali eu subi pela 1ª vez num palco. Fiquei nervoso! Minhas cenas foram péssimas. Não passei, mas fiquei! Na banca selecionadora, que eu me lembre estavam o próprio Moisés Miastkwosky, a Dagmar Siqueira, o Sr. Carlos Karnas, acho que o Massayuki Yamamoto também, e o emblemático Claudio Mendel.

    No palco do Cine Teatro Benedito Alves da Silva vi nascer alguns espetáculos dessa época de ouro do movimento teatral na cidade. Pra mim, o movimento era só o que acontecia no grupo "Teatro da Cidade"!

    No palco do Cine Teatro eu vi nascer: "POP, A GAROTA LEGAL", "CURTO CIRCUITO", "A
    CANTORA CARECA", "O ASSALTO", "QUANDO AS MÁQUINAS PARAM". Nessas peças, se
    destacaram os atores: Andrea Lopes, Fabiola Karnas, Telma Vieira, Cristiano
    Karnas, Marcelo Esteves, Sandro Karnas, Massayuki Yamamoto, Alessandro
    Oliveira, Andreia Barros, Claudio Silva, Carlos Rosa e Fernando Rodrigues.
    Devo estar esquecendo de alguém, e já peço desculpas!

    Foi no palco do Cine Teatro que eu e muitos outros tivemos contato com as
    obras de Nelson Rodrigues. Foi no palco do Cine Teatro Benedito Alves que aconteceram também várias oficinas durante edições passadas do FESTIVALE.
    Encerro aqui minha mensagem, na esperança de ter contribuído com o seu propósito, citando uma fala dita pelo ator Claudio Silva em "CURTO CIRCUITO":
    "A memória é escassa"
    - mas a partir disso você pode levantar tantos outros relatos do período 1991-1993.

    Abraço cultural
    Julio Saggin

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  10. Relato de ELIETE SANTOS, historiadora e bailarina:

    O balé chegou a São José dos Campos com Damares Antelmo em 1968, mas foi no Cine-Teatro Benedito Alves da Silva que aconteceu pela primeira vez, em 1988, a apresentação de trechos de balés famosos em São José dos Campos. Antes disso nunca se havia feito trechos de balés internacionais em São José.
    Vimos naquele dia O Lago dos Cisnes, Giselle, o pas de deux de O Corsário, Lês Sylhides e o pas de deux de Carmem.

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  11. Relato de EVA SIELAWA, atriz:

    Minha vida parece um pouco trilhada por pianos - isso é uma coisa que estava observando esses dias. Eu amava tocar piano quando criança, tocava ainda com um dedinho, mas de ouvido aos 3 anos de idade. Aos 7, meus pais se separaram e, com isso, separei-me do meu piano, tirado de maneira um tanto quanto triste pelo meu pai
    (sem ressentimentos nem julgamentos, só fatos).
    Minha mãe resolveu que eu, aos 11 anos de idade, faria aulas de piano numa academia.
    Fiz apenas um ano: a professora não gostava de crianças que tocavam piano de ouvido - eu era obrigada a ler rigorosamente as notas. Com tudo isso, ainda cheguei ao fim do ano, pronta para me apresentar ao público pela primeira vez.
    Na ocasião, morávamos no bairro Vista Verde e a audição seria nada mais, nada menos que no Cine Teatro Benedito Alves da Silva.
    Lembro-me como se fosse hoje do frio na barriga que eu senti em me apresentar naquele lugar mágico onde minha mãe e minha vizinha
    sempre me levavam para assistir peças infantis, que eu amava.
    Minha estreia, portanto, pisando no palco do Cine Teatro, foi tocando piano. Não lembro o nome da música, mas a melodia está fixa
    como tatuagem. E gostaria muito que o piano agora trouxesse lembranças não de témino, de fim, e sim de superação, reconstrução.
    Tenho mais histórias no Cine teatro, ensaios intermináves da peça Curto Circuito, peças que assisti e que me incentivaram na escolha do meu caminho profissional. Mas hoje é esse pequeno trecho da minha vida que gostaria de deixar registrado...

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  12. Relato de CLÁUDIO MENDEL, diretor teatral:

    São muitos os fatos marcantes que presenciei, acompanhei ou realizei no Cite Teatro (São José) Benedito Alves da Silva... Desde o início da década de 7º, quando meu irmão Hélio Augusto se mudou para São José, tenho vindo para a cidade com espetáculos vindos de São Paulo. Até 1982 fui um visitante da cidade e após isso, morador, joseense de carteirinha.
    Ajudei muito o Miacci a tirar água da chuva da platéia e camarins - para que o Tarcísio Meira e a Glória Menezes pudessem encenar “Tudo Bem, no Ano Que Vem”; para Ewa Vilma e Carlos Zara encenarem “Floradas da Serra”.
    Trouxe, como produtor, muitos espetáculos para o Cine Teatro. Cito apenas alguns: Ary Toledo com “Pois É”; Paulo Autran com “Quadrante”; Raul Cortez com “Ah!Mérica”; Dercy Gonçalvez com seu humor cáustico; Umberto Magnani com “Lua de Cetim”, dentre tantos outros trabalhos que vieram a meu convite para a cidade.
    Tenho ainda lembranças de alguns espetáculos que praticamente nasceram ali, como o espetáculo “Ai Meu Paraitinga”, texto e direção de Diógenes Feliciano e interpretação antológica de Jairo Gregnanin. Um outro espetáculo do Diógenes: “O Incrível Exército de Branca Cola” (se não me engano), com alunos do Senai, onde tive meu primento contato com o Feu Andrade e Cláudio Koka, pré-adolescentes.
    Também no Cine Teatro acompanhei todo o processo de criação do espetáculo “A Vida é Sonho”, realizado pela Profa. Beth e tendo no elenco um garoto talentoso que eu chamava apenas de Pedrinho (o Padre Pedro em Jacareí) e que hoje é diretor de comunicação da Rádio Mensagem.
    Foi ali no Cine Teatro que a Fundação Cultural realizou o FESTIVALE desde sua primeira edição até 1990. E foi ali, também em 1990, que nasceu o embrião do Grupo Teatro da Cidade (que deu origem à Cia Teatro da Cidade) com os espetáculos "Curto Circuito" de Timochenco Wehbi e “Pop, A Garota Legal” de Ronaldo Ciambroni, ambas as montagens com direção de Moisés Miastkwosky.
    O Cine Teatro foi também palco da primeira grande iniciativa de formação para o Teatro Joseense em 1986, quando criávamos a Fundação Cultural Cassiano Ricardo, e implantamos o Curso Livre de Teatro, que foi realizado em vários espaços da cidade. Além do Cine Teatro, tínhamos turmas no SESC, Centro Comunitário da Vila Industrial, Secretaria da Educação, na sede da FCCR e no Parque Industrial. Eu e o André Freire cruzávamos a cidade com uma pick up e um fusca, transportando os profissionais/professores de um espaço para o outro.
    Foi também naquele espaço que realizamos todos os debates e reuniões que antecederam a criação da Fundação Cultural. Onde preparamos o grande ato cultural na Praça Afonso Pena exigindo essa transformação histórica na cultura da cidade.
    Essa talvez seja a minha contribuição para elucidar a história cultural e a importância do Cine Teatro Benedito Alves da Silva (ou simplesmente Cine Teatro São José). Com certeza ainda me lembrarei de outros episódios...

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  13. Relato de SANTOS CHAGAS, ator e músico:

    Ontem vi na TV uma cena antiga do saudoso Raul Cortez e me lembrei de um espetáculo solo que ele apresentou no Cine Teatro Benedito Alves. O nome era "Ah...mérica!" (não sei se grafado exatamente assim). Era um trabalho primoroso onde ele encenava trechos de autores latino americanos, cantava canções do nosso continente e até dançava danças típicas de nuestra America.
    Eu era um moleque na época e me lembro de ter comentado que, embora já tivesse visto aquele ator na televisão, parecia que só estava conhecendo o trabalho dele naquele momento.
    Mais tarde soube que o próprio Raul Cortez dizia que só aceitava trabalho na televisão quando a prestação do apartamento estava muito atrasada e comecei a compreender a diferença entre o trabalho do ator ao vivo e o trabalho do mesmo ator na televisão e em outras mídias.
    O tempo se encarregou de confirmar algumas opiniões e posições que adotei na época.
    Tudo isso pra dizer que São José dos Campos já foi parada obrigatória de grandes espetáculos que estreavam em São Paulo e faziam questão de vir fazer temporada aqui.
    A cidade era considerada importante referência para as companhias profissionais e o povo de teatro daqui (a molecada entre a qual eu me colocava) bebia avidamente tudo que aparecia e enchia o saco dos atores com perguntas no camarim, no restaurante, no boteco, na praça, onde fosse possível encontrá-los e conversar com eles.
    A impressão que tenho é que hoje já não estamos tão "na crista da onda" (como se dizia na época) e acabam aparecendo por aqui mais stand-up comedys e espetáculos sem muita expressão artístico-cultural.
    Claro que os tempos são outros e as relações também, mas acredito que esse estado de coisas tem a ver não só com o descaso com o patrimônio físico, mas, principalmente, com o descaso com o património artístico cultural intangível, que engloba educação e postura ética, criatividade e vontade real de evoluir.
    Como o "estrago" nesse aspecto não é visível nem mensurável, a gente demora mais tempo pra perceber e, muitas vezes, quando percebe, já é tarde demais. Minha esperança é que esse debate sobre "um" teatro de São José dos Campos possa se aprofundar para um debate mais sério sobre "o" teatro como patrimônio cultural real e indispensável de um povo.
    Por enquanto fico por aqui, alertando a todos que só "parece" que fugi ao tema proposto. "Assim é, se lhe parece", lembram-se? Se não, é só pesquisar e aprender e aprofundar mais um pouco nosso patrimônio intangível.

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