(...)
Nas reuniões, comecei a falar para o pessoal sobre Leandro Gomes de Barros, que a meu ver era referência fundamental para nosso trabalho. Trouxe alguns textos dele para a roda e acabamos selecionando pra estudo o folheto "A Seca no Ceará", publicado pouco após a terrível Seca de 1915. Em nosso caso, no entanto, o cordel do mestre Leandro serviria para descrever e contextualizar as agruras referentes a um outro momento histórico, que nos interessava em particular: a Seca de 1932, também no Ceará.
Começamos a ler sobre a Seca de 1932. De cara, dois impactos: o primeiro foi perceber o tanto de História do Brasil que NÃO se ensina/aprende nas escolas. O segundo: quanta opressão, quanto descaso das autoridades frente ao povo, quanto preconceito, quantas divisões forjadas, forçadas, num povo que deveria estar unido... Os trabalhadores rurais, na época da seca, chegando em Fortaleza apenas com a roupa do corpo (os que tinham roupa) e sendo deslocados para campos de concentração - sim, campos de concentração!
Começamos a ler sobre a Seca de 1932. De cara, dois impactos: o primeiro foi perceber o tanto de História do Brasil que NÃO se ensina/aprende nas escolas. O segundo: quanta opressão, quanto descaso das autoridades frente ao povo, quanto preconceito, quantas divisões forjadas, forçadas, num povo que deveria estar unido... Os trabalhadores rurais, na época da seca, chegando em Fortaleza apenas com a roupa do corpo (os que tinham roupa) e sendo deslocados para campos de concentração - sim, campos de concentração!
Que sensação estranha: ficar revoltado - profundamente revoltado - por algo que aconteceu há quase 80 anos, e a centenas de quilômetros de distância...!
Mas esse povo é também o nosso povo. Essa história é também a nossa história.
Havia a dúvida: qual o sentido de falar disso aqui, agora? Pra mim, de cara, havia o interesse de compartilhar essas histórias com outras pessoas daqui que, como eu, talvez ainda não soubessem. Mas logo vimos que há mais que isso.
Essa história da seca é também a história dos nordestinos que foram levados a "viajar para o Sul" (viajar para SP ou para o RJ também é "viajar para o Sul", no jargão da migração) para buscar trabalho e que, chegando aqui, foram e ainda são vítimas do preconceito - a verdadeira "seca da alma".
Começamos a coletar depoimentos de nordestinos que vieram para cá - relatos ao vivo e/ou via internet. Percebemos que essa é uma trilha que vai longe, e um caminho riquíssimo de pesquisa.
(continua)
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